BR Pharma vale R$ 44 milhões na bolsa
Publicado em 10/12/2015 • Notícias • Português
A forte desvalorização em bolsa da BR Pharma, segunda maior rede de farmácias no país em número de lojas, torna inviável o seu aumento de capital nas condições inicialmente planejadas. O Valor apurou que o BTG Pactual, o maior acionista da varejista por meio de fundos de investimento, pretende levar a operação adiante, mas em outras bases, distintas das divulgadas no início de novembro.
A empresa tem como maior acionista o banco BTG Pactual, com quase 38% das ações ordinárias por meio de fundos de investimento, Os sócios fundadores da BR Pharma têm cerca de 10%, e a Petros, outros 10% das ações.
A operação de aumento de capital anunciada no início de novembro falava numa injeção de recursos entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões, mas existia uma condição: a ação deveria sair “a pelo menos R$ 20”. Hoje, ela vale R$ 6. Na semana, a queda acumulada é de 55%. Desde a prisão de André Esteves, a desvalorização é de 69%.
Procurado, o BTG não comentou o assunto. A BR Pharma informa, em nota, que as “as intenções em relação à oferta permanecem”. O comunicado ao Valor diz que a empresa continua “trabalhando na conclusão de todo o processo”.
Com a queda ontem no preço das ações negociadas na bolsa paulista de 22,9%, a BR Pharma está valendo R$ 44 milhões.
Conforme resultados do terceiro trimestre deste ano, a dívida líquida da varejista era de R$ 903,9 milhões.
No caixa, havia R$ 9,2 milhões. Sem um reforço da estrutura de capital, a operação teria sérias dificuldades para se sustentar em curto e médio prazos – este é um dos negócios do varejo que mais gera caixa, mas também consome capital. Aportes já tem sido feitos de forma constante por meio de empréstimos em bancos, como Bradesco, no nome das redes do grupo.
Há informações circulando no mercado de que alguns fornecedores já teriam informado a empresa que só fecharão novos contratos se houver pagamento à vista dos lotes negociados.
A BR Pharma reúne hoje as redes de farmácias Big Ben/Guararapes, Rosário, Sant’Ana e a cadeia de franquias Farmais. De acordo com fontes, haveria interesse maior na compra da Big Ben, fundada por Raul Aguilera, que está deixando neste fim de ano a presidência da Big Ben para ficar apenas no conselho de administração, apurou o Valor.
A rede Big Ben é o melhor ativo da empresa hoje, responsável por cerca de 40% das vendas em 2014. Dias atrás, circularam informações de que Raul poderia fazer uma oferta pela compra da Big Ben de volta, mas fontes próximas ao empresário negam estas conversas.
Se a BR Pharma fizer uma venda isolada apenas do Big Ben, a avaliação é de que não haveria tanto interesse no conjunto de ativos restantes. No início de novembro, para rentabilizar e simplificar a reestruturação de suas operações, a BR Pharma vendeu a rede Mais Econômica (com 165 lojas no Norte e Centro-Oeste) por R$ 44 milhões.
O plano inicial de construção da BR Pharma, traçado pelo sócio BTG Pactual, envolvia a criação de uma empresa de varejo que fosse a principal consolidadora do setor de farmácias – por meio de aquisições, cresceria, e depois seria vendida. Nesse projeto, um dos caminhos seria a venda para grupos estrangeiros – a Walgreens, dos Estados Unidos, e o banco teriam chegado a conversar mais de dois anos atrás, antes da piora nos resultados da empresa. Na época – mesmo período em que a também americana CVS entrou no país, comprando a Onofre – o plano era tornar a BR Pharma maior antes de se desfazer dela. As conversas com a Walgreens não evoluíram.
Fonte: Valor Econômico