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Coluna Mulheres em Foco | Andrea Nocelli

Publicado em 15/12/2021 • Notícias • Português

Confira entrevista com Andrea Nocelli, Head de Education Services na Siemens Healthineers, que foi uma das articulistas da Nota Técnica ABIMED de Transformação Digital na Saúde sobre educação continuada e participou recentemente de um painel sobre o mesmo tema.

1. Conte um pouco sobre sua trajetória profissional (mini-bio)

Sempre gostei muito de estudar e tive o apoio dos meus pais, que não tiveram as mesmas oportunidades. Aos 21 anos me formei em Biomedicina, curso pelo qual me encantei enquanto pesquisava a grade curricular de diversas faculdades da área de biológicas, área essa com a qual sempre me identifiquei. A Biomedicina me permitiria atuar em um campo de interface entre biologia e saúde humana. 

Na especialização em Biologia Molecular, meu projeto era focado na replicação, transcrição, tradução e biossíntese do HIV-1 e genética da resistência humana à AIDS. Parte dos meus estudos me permitiram uma proximidade com pacientes soropositivos para HIV e pacientes com diagnóstico clínico de AIDS. Isso despertou em mim o desejo, não só de atuar na área da saúde, mas também de atuar com pessoas.

Ao longo de minha jornada profissional trabalhei com análises clínicas, banco de sangue, em hospitais, laboratórios, até considerar que a experiência adquirida deveria ser compartilhada, chegando assim, à assessoria científica, cujo principal objetivo sempre foi garantir a confiança dos profissionais na liberação dos resultados dos exames dos pacientes. Nessa área fui trilhando minha trajetória profissional, sempre estudando, percorrendo os caminhos que estavam alinhados ao meu propósito de vida.

Só que a assessoria científica já não era mais suficiente, era preciso ir além, as demandas foram aumentando e se tornando mais específicas, era necessário mais que um suporte científico, era necessário viabilizar o aprendizado, proporcionar a aquisição de conhecimentos e promover as habilidades na área da saúde. E assim estou hoje, liderando um time voltado para educação na área da saúde, com, aproximadamente, 80 pessoas, gerenciando as atividades desse time, sendo responsável pelo desenvolvimento da estratégia de negócio da área e pela garantia da excelência em todos os serviços de educação, que está além de suporte e treinamento, para os clientes.

2. Quais foram os maiores desafios que enfrentou em sua trajetória profissional?

Ao longo de minha trajetória foram muitos desafios, como lidar com as prioridades, aprender com alguns erros, adquirir novas habilidades, desenvolver novas competências, mas eles fazem parte do progresso e nos trazem maturidade para que os transformemos em oportunidades. Lidar com pessoas, por exemplo, é sempre um grande desafio, mas um dos que mais me motivam. E quando o assunto é educação na área da saúde, que envolve diversas perspectivas, posso dizer que o maior desafio é transformar a cultura das pessoas e fazer com que enxerguem valor e acreditem que as mudanças dos processos e o consequente investimento em transformação digital são necessários.

3. Teve maiores dificuldades para ser aceita profissionalmente por ser mulher?

Antes não olhava e não pensava nessa questão como um dificultador, talvez, por isso, não tenha sentido maiores dificuldades. Meu foco sempre foi fazer acontecer, independente dos obstáculos. Além disso, em minha área sempre houve muitas mulheres. Entretanto, quando assumi posições de liderança foi que me dei conta que meus pares e as posições executivas, eram, em sua maioria, ocupadas por homens. Ou seja, ainda temos um caminho a ser percorrido, campanhas que valorizam e endereçam a importância de mulheres ocuparem cargos de liderança nas empresas ainda são necessárias. 

4. Como você avalia a participação feminina em sua área e no setor de saúde de forma geral?

No Brasil, as mulheres são a principal força de trabalho da saúde, representando 65% dos 6 milhões de profissionais do setor, conforme o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Isso em áreas como fonoaudiologia, nutrição, serviço social, enfermagem, psicologia. Áreas, em geral, que cuidam da saúde das pessoas, habilidade que as mulheres desenvolveram ao longo da humanidade por desempenharem papeis sociais voltados para a família desde os primórdios. Mais da metade da população brasileira é formada por mulheres, porém, apenas 31% dos cargos de gerência e 13% dos cargos do quadro executivo das 500 maiores empresas de diferentes áreas do Brasil são ocupados por mulheres, segundo dados reunidos pelo guia O que o Investimento Social Privado pode fazer por Direito das Mulheres, lançado pelo GIFE em 2020. Ou seja, força feminina e direção masculina. Já evoluímos muito, mas ainda não chegamos lá, ainda há muito a ser feito. 

5. Você tem algum conselho para outras mulheres que pretendem ingressar no mundo da 

saúde?

Primeiramente que nunca desistam de seus sonhos. Que se dediquem muito aos estudos, pois é a principal base para alcançar seus objetivos. Que aprendam com os erros, que transformem os desafios em oportunidades. Importante trabalhar no desenvolvimento do pensamento crítico e criatividade. Busquem estímulos, incentivo, informação, trabalhem com paixão, com aquilo que gostam de fazer. E trabalhem no desenvolvimento da inteligência emocional. Não se sintam inferiores em relação aos homens, somos capazes!

6. Como você avalia a educação continuada na saúde com a transformação digital no setor?

A transformação digital implica em maior produtividade, agilidade no atendimento aos clientes e, consequentemente, aos pacientes, redução de custos, maior qualidade de vida, integração de dados, investimento em novas tecnologias, ou seja, inúmeros são os benefícios que a transformação digital proporciona, inclusive, na constante qualificação do profissional da área da saúde, que busca, assim como as instituições em que atuam, atualizar e melhorar a capacidade e o desempenho frente às evoluções técnico-científica. 

7. Qual sua opinião sobre a Nota Técnica elaborada pela ABIMED e de que forma ela pode contribuir para a propagação da transformação digital de forma geral? 

Trata-se de um tema extremamente importante e relevante que deve ser abordado de uma forma ampla, completa, assim como foi na Nota Técnica elaborada pela ABIMED. A transformação digital é uma mudança de mentalidade, é a transformação do ser humano, é uma mudança cultural pela qual as empresas devem passar para se tornarem mais modernas e acompanharem os avanços tecnológicos que surgem dia após dia. Iniciativas como essa são fundamentais para alcançar essa transformação. 

Fonte: ABIMED

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