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Especial Fenasaúde: Os desafios do setor de saúde estão só começando

Publicado em 04/12/2015 • Notícias • Português

Um dos principais objetivos do 1º Fórum da Saúde Suplementar foi estabelecer e entender, de fato, com quais desafios o setor deverá lidar nos próximos anos. E não são poucos. O Diretor-Executivo da FenaSaúde, José Cechin, lembra que o segmento passa hoje por um momento difícil, espelhado pelas altas taxas de crescimento das despesas. ?As despesas assistenciais crescem quase o dobro da taxa da inflação. Isso preocupa, porque coloca os compradores ? pessoas físicas e empresas ? no limite de suas capacidades econômicas. Quando dizemos isso, precisamos olhar para os motores desse crescimento ao invés de limitar o teto dos reajustes. Para conter, é preciso olhar as despesas?, defende, lembrando que o Fórum foi um espaço para que todos trouxessem sua contribuição.
Outro ponto que deve receber a atenção do setor é o modelo pelo qual os planos de saúde são oferecidos aos beneficiários. Cechin lembra que os consumidores brasileiros contam hoje, essencialmente, com três tipos de planos: ambulatorial, que não prevê internações; hospitalar, que atende somente as internações; e os mais comuns, que unem os dois tipos, podendo ou não contar com obstetrícia e odontologia.
De acordo com o executivo, quando foram lançados, estes planos simplificaram a escolha e facilitaram sua comercialização. Hoje, com o mercado regulamentado, o consumidor pode ter mais opções de escolha e, para isso, o setor deve analisar que opções de planos são oferecidas hoje ao redor do mundo e montar um cenário em torno dessa diversidade de produtos, estudando que novas opções podem ser dadas ao consumidor.
?Nossa expectativa é que, a partir da realização do Fórum, tenhamos iniciativas que tragam o engajamento dos consumidores, com boa compreensão dos direitos e deveres, além do engajamento de hospitais e prestadores. Esperamos que do Fórum saia um conjunto de ações que enfrentem uma parte importante desses problemas, trazendo mais acesso e mais qualidade, a um custo que caiba no bolso das empresas?, afirma Cechin.
Despesas x receitas Para o Gerente-Geral da FenaSaúde, Sandro Leal Alves, todas as operadoras do mercado têm em comum o mesmo desafio: o crescimento das despesas médico-hospitalares tem acontecido acima das receitas. ?O desafio que se impõe é que a sociedade, a cada ano que passa, deve colocar mais dinheiro para sustentar seu plano de saúde?, resume.
Alves acredita que, de todos os desafios impostos ao setor, o principal é continuar oferecendo planos de saúde que caibam no bolso das pessoas e das empresas. Ele afirma que todos estão sentindo que o custo do sistema torna o plano de saúde um bem cada vez mais difícil de alcançar, mesmo sendo a saúde o terceiro benefício mais desejado pelas pessoas, atrás de educação e moradia.
Explicando a equação: sob o ponto de vista das operadoras de planos de saúde, as receitas crescem a um ritmo inferior às despesas. ?Isso tem acontecido no mundo inteiro. Em algum momento, isso leva a sociedade a quase uma ruptura e precisa ser revisto?, diz Leal Alves.
Por trás do aumento exponencial das despesas há uma série de motivos, mas Alves cita como o mais impactante a incorporação de novas tecnologias sem que se avalie tecnicamente se o benefício compensará o custo que será repassado à sociedade. É o que o executivo chama de incorporação acrítica. ?Como o setor é muito intensivo no desenvolvimento de novas tecnologias, a pressão pela incorporação às vezes força o uso de procedimentos, materiais, técnicas e equipamentos sem que se faça uma avalia ção do custo x efetividade?, explica.
Na prática, isso significa que os avanços são rapidamente incorporados sem que se avalie se as alternativas já disponíveis podem entregar o mesmo resultado a um custo mais baixo. Daí a necessidade de tornar essa questão mais transparente e clara para a sociedade, que precisa conhecer os critérios, custos e benefícios de uma nova tecnologia e, principalmente, como ela poderá pagar por tudo isso.
Alves lembra que os planos de saúde fazem a gestão dos custos, mas o dinheiro é dos beneficiários. Por isso estes precisam ter uma participação mais ativa no processo. ?Hoje o setor vem sob uma pressão tão grande por custos que começamos a discutir o que pode ser feito. Uma das linhas é a transparência na comunicação, na capacitação do consumidor para que ele possa tomar suas próprias decisões?, conclui.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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