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Parceria é chave para ampliar alcance da tecnologia de ponta

Publicado em 01/09/2015 • Notícias • Português

Mais do que aumentar o investimento público, a saída para ampliar o acesso da população brasileira às tecnologias de ponta na área de saúde passa pelas parcerias público-privadas, as PPPs.

O modelo foi apontado como promissor por especialistas que participaram do Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pela Folha nesta segunda (31).

O alto custo de procedimentos como cirurgia robótica, por exemplo, é obstáculo à sua disseminação, mas o modelo de parceria entre hospitais privados e rede pública pode acelerar o processo.

“”A incorporação de tecnologias deve começar nas instituições de alta performance, para depois ser levada ao sistema público por meio de parceira””, disse o cirurgião Robinson Poffo, responsável pelo Programa Cirúrgico de Transplante Cardíaco do Hospital Albert Einstein.

Há também experiências no sentido contrário: pacientes da rede privada procurando hospitais públicos de referência, como o IEC (Instituto Estadual do Cérebro), no Rio de Janeiro. Na abertura do fórum, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, diretor do IEC, disse que 30% dos atendidos lá têm plano de saúde, mas optam pelo tratamento público. O instituto realiza cirurgias cerebrais de alta complexidade.

Independentemente de quem paga, é necessário que as tecnologias sejam baseadas nas melhores evidências científicas e que tragam a melhor relação custo-benefício para pacientes e sistemas de saúde, diz o médico Álvaro Nagib Attalah, do Centro Cochrane Brasil.

“”Muitos médicos, ao fazerem um diagnóstico, partem para condutas que fazem mais mal do que bem, e isso ocorre porque falta conhecimento científico na tomada de decisão””, afirmou Attalah.

Segundo Poffo, do Einstein, não há como tratar os pacientes a qualquer custo. “”Devemos pensar na sustentabilidade tecnológica.””

Armando Lopes, vice-presidente de Healthcare da Siemens, seguiu na mesma linha. “”É muito claro que a tecnologia tem que se pagar, deve ser investimento viável.””

“”Ainda não usamos adequadamente tecnologias disponíveis há algumas décadas””, disse Jarbas Barbosa, presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo ele, é preciso investir em capacitação.

O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, diretor executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, afirmou ser “”inviável um sistema em que as pessoas buscam um especialista sem passar por um generalista””. Ele defendeu a medicina de família como porta de entrada para a rede de saúde, como ocorre na Inglaterra e no Canadá, países que inspiraram o SUS.

Lumena Furtado, secretária de Atenção à Saúde do ministério, reforçou dizendo que a medicina da família reduz os custos, já que há acompanhamento preventivo.

Na medicina privada, os gestores chamaram a atenção para a falta de médicos em todas as áreas. “”É preciso aumentar em 50% o número de médicos no Brasil para que o acesso aumente””, disse Paulo Chapchap, superintendente de estratégia corporativa do Hospital Sírio-Libanês.

Além da falta de médicos, Claudio Lottenberg, presidente do hospital Albert Einstein, apontou a desvalorização profissional. “”Somos mal remunerados. Recebemos pelo paciente que fica doente, não para cuidar da saúde da população. Deveria existir um incentivo para quem fosse mais eficiente.””

Marcio Coriolano, presidente na FenaSaúde, relatou um descompasso cada vez maior entre o custo da medicina e a capacidade de pagamento da sociedade brasileira. Para ele, a lei que regula os planos de saúde precisa ser trazida à realidade.

Já o diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), José Carlos de Souza Abrahão, lamentou a judicialização da saúde, que obriga o sistema, por meio de processos, a bancar procedimentos e drogas não disponíveis no Brasil.

Fonte: Folha de S.Paulo

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