Transformação digital na saúde é tema do painel de abertura do Fisweek 2025
Publicado em 07/11/2025 • Notícias • Português
O painel de abertura do Fisweek 2025, realizado nesta quarta-feira (5), discutiu os avanços e desafios da transformação digital na saúde. O debate reuniu Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde; Giovanni Cerri, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente dos conselhos do Instituto de Radiologia (InRad) e do Inova HC; Felipe Carvalho, diretor regional da ABIMED em Brasília; e Guilherme Klafke, professor de Direito e Tecnologia da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP).
A secretária Ana Estela Haddad apresentou o programa “Agora tem especialistas”, criado para reduzir o tempo de espera por consultas especializadas e integrar os serviços públicos e privados. “O programa trabalha para colocar toda a infraestrutura de saúde pública e privada no sentido de reduzir o tempo de espera do paciente”, disse.
Ela explicou que o SUS Digital atua em quatro eixos: comunicação com o paciente, monitoramento da regulação, ampliação da telessaúde e uso de indicadores para acompanhamento dos resultados. Segundo a secretária, a iniciativa é sustentada pela Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que já reúne mais de 3,1 bilhões de registros. Haddad informou ainda que a RNDS já iniciou a interoperabilidade com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e desenvolve novos modelos de integração com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e o Inova HC.
O professor Giovanni Cerri destacou que a inteligência artificial (IA) é um dos pilares dessa transformação. “A inteligência artificial vai impactar em dois pontos fundamentais: a eficiência do sistema de saúde e a segurança do paciente”, disse. Segundo ele, os modelos preditivos e os algoritmos explicáveis são essenciais para garantir confiança no uso das ferramentas digitais. “Os protocolos terapêuticos adaptativos permitem acompanhar o paciente de forma dinâmica e mudar condutas em tempo real”, afirmou.
Cerri também apontou a interoperabilidade como o “grande desafio da saúde no momento”. “Ela permite uma economia de 15% para a saúde, evitando repetição desnecessária de exames e aumentando a resolutividade do tratamento”, observou. O professor destacou ainda o potencial da telemedicina e do monitoramento remoto: “As doenças crônicas, em sua grande maioria, podem ser acompanhadas à distância com segurança”, completou.
Já o professor Guilherme Klafke abordou a regulação das novas tecnologias. “O direito é um elemento habilitador da transformação digital na saúde”, afirmou. Ele explicou que a estrutura jurídica é essencial para garantir segurança e impulsionar a inovação, destacando o Projeto de Lei 2338, que cria o marco legal da inteligência artificial no Brasil. “A Anvisa vai precisar se atualizar sobre como autorizar a entrada desses sistemas no mercado, e as empresas terão que monitorar continuamente seus algoritmos”, avaliou.
Klafke também defendeu a importância de preparar profissionais e reguladores para lidar com as novas tecnologias. “Não deixaremos ninguém para trás. Tem que haver uma estrutura de políticas públicas para fomento e letramento digital”, afirmou. Ainda, os conselhos profissionais devem “abraçar a tecnologia, criar padrões éticos e incorporar essa interação com a inteligência artificial”.
Na conclusão do debate, Ana Estela Haddad ressaltou que a transformação digital “é uma realidade e tem grandes potenciais”, mas requer cautela. “Ela muda a forma de entregar saúde e tem potencial de ampliar o acesso, mas junto com as oportunidades vêm também os riscos. É preciso compreender profundamente como a tecnologia funciona e garantir que ela sirva para entregar o melhor cuidado”, disse.
O painel encerrou com a mensagem de que o avanço tecnológico deve caminhar junto com regulação, ética e inclusão, assegurando que a transformação digital se traduza em mais qualidade, acesso e sustentabilidade para o sistema de saúde brasileiro.