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COP 30 abre espaço para interlocução entre saúde e mudanças climáticas

Publicado em 27/11/2025 • Notícias • Português

COP 30 coloca a saúde no centro do debate climático: Brasil lança planos inéditos de adaptação e especialistas discutem como eventos extremos já transformam o cuidado, a prevenção e as políticas públicas.

No mês de novembro, ocorreu a Conferência das Partes (COP) 30 em Belém (PA). Foi a primeira vez, desde a Eco-92, realizada no Rio de Janeiro e responsável por instituir a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), que o Brasil sediou um encontro dessa magnitude. O evento, promovido anualmente, reúne países de todo o mundo para debater desenvolvimento sustentável e propor ações de cooperação internacional diante dos impactos climáticos cada vez mais severos.

Ao longo das últimas décadas, a COP consolidou acordos fundamentais. Entre eles, destaca-se o Protocolo de Kyoto, firmado em 1997, durante a terceira Conferência, no Japão, que estabeleceu metas individuais de redução de emissões de carbono para países desenvolvidos — uma redução de 5% entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990. Outro marco importante é o Acordo de Paris, adotado na 21ª COP, em 2015, que reforça o compromisso global de limitar o aumento da temperatura média do planeta, fortalecer a capacidade de adaptação e alinhar fluxos financeiros aos objetivos climáticos definidos nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

Em 2025, a COP 30 ampliou esse debate ao dedicar uma programação exclusiva ao eixo Saúde. Durante a reunião ministerial, o Ministério da Saúde apresentou o Plano de Ação em Saúde de Belém, o primeiro plano internacional estruturado especificamente para orientar a adaptação climática no setor. O documento propõe 60 ações voltadas para fortalecer sistemas de vigilância, aprimorar políticas públicas, ampliar capacidades técnicas e incentivar inovação e produção sustentável no campo da saúde.  A iniciativa contou, já no lançamento, com o apoio inicial de países como França, Espanha, Canadá, Japão, Reino Unido, Zâmbia, Tuvalu e Congo, além de organizações internacionais. Este foi um indicativo positivo da receptividade global à liderança brasileira no tema.

Paralelamente, o Ministério da Saúde também apresentou o Guia de Mudanças Climáticas e Saúde, integrado ao AdaptaSUS e ao Plano Mais Saúde Amazônia Brasil. Disponibilizado no Meu SUS Digital e no SUS Digital Profissional, o material reúne orientações práticas para manejo clínico, vigilância e cuidados em situações agravadas pelas mudanças climáticas, como ondas de calor, inundações, queimadas, secas e poluição do ar. Segundo o Ministério da Saúde, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil ao aproximar as agendas de saúde e clima e ampliar a preparação do SUS frente aos eventos extremos.

Além dessa, outras iniciativas reforçaram a integração entre saúde e clima. Uma delas foi o painel “Saúde e Clima”, do qual a ABIMED participou. O encontro contou com o pré-lançamento do documentário COP 30 I e II e reuniu especialistas para discutir como as mudanças do clima já afetam diretamente a saúde pública e privada no país. O presidente-executivo da ABIMED, Fernando Silveira Filho, participou ao lado de Carlos Almiro, diretor de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Gestão de Riscos e presidente do Instituto BRK, Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV, e Pedro Saad, diretor fundador da Produtora Brasileira e World Observatory.

Ao longo do painel, destacou-se o papel estratégico da indústria de dispositivos médicos no enfrentamento da crise climática: desde tecnologias que ampliam o acesso e reduzem desigualdades até sistemas capazes de apoiar respostas a eventos extremos e fortalecer políticas de adaptação.

A programação marcou um avanço relevante ao ampliar o espaço para debates sobre os impactos climáticos na vida cotidiana das populações. Foram apresentados exemplos concretos de agravamentos sazonais, aumento de doenças relacionadas à poluição e efeitos psicológicos associados a eventos extremos. Esses são fenômenos que já afetam comunidades urbanas, rurais e tradicionais em diferentes regiões do país.

Dessa forma, a conferência, como um todo, reforçou que integrar saúde, clima e inovação de maneira estruturada é fundamental para prevenir riscos, fortalecer políticas públicas e construir respostas mais eficientes e sustentáveis. Nesse sentido, as iniciativas brasileiras apresentadas na COP 30 alinham-se ao compromisso internacional de mitigação e adaptação estabelecido pelo Acordo de Paris.

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