Empresas são proibidas de patrocinar ida de médicos a eventos A nova norma vale para as 230 empresas que comercializam vários tipos de produtos de saúde, como próteses ortopédicas e vasculares
Publicado em 11/01/2018 • Notícias • Português
A Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed) atualizou seu código de conduta e proibiu que suas empresas associadas patrocinem viagens de médicos a eventos. Estão barrados qualquer financiamento direto, como passagens, diárias de hotéis, alimentação e inscrições em congressos.
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A nova norma vale para as 230 empresas associadas à Abimed, que comercializam desde aparelhos auditivos até marca-passos e aparelhos neurotransmissores.
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Uma séride de reportagens de A Gazeta e do Gazeta Online mostra que é comum a indústria de produtos patrocinar médicos que, em troca, direcionam uso dos produtos das empresas, desrespeitando critérios de eficiência e custo-benefício.
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A proibição segue um processo de evolução, acompanhando modelos mundiais. Antes, já havia sido barrado o patrocínio para destinos turísticos, para lazer do médico. Mas passagens e hospedagens para congressos relacionados à atividade médica podiam ser patrocinadas.
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Desde 1º de janeiro, o patrocínio direto está proibido. É liberado, contudo, um patrocínio indireto. Ou seja, as empresas podem apoiar a educação médica continuada financiando “instituições idôneas, como sociedades médicas”. Caberá às entidades selecionar os profissionais, e não mais às empresas.
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“A decisão de proibir o patrocínio médico direto em eventos de terceiros acompanha o desenvolvimento histórico e a evolução ética no mundo. As interações entre indústria e profissionais da saúde são fundamentais para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de produtos de alta tecnologia e para seu uso seguro e eficiente”, afirmou Felipe Kietzmann, presidente do Conselho de Administração da Abimed, por meio da assessoria.
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Conselho comemora atualização
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O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES), Carlos Magno Pretti Dalapicola, afirmou que a medida é boa. Ele lembrou que o Conselho Federal de Medicina já vinha orientando os médicos a recusarem ofertas de empresas interessadas em emplacar o uso de determinados produtos.
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“Ofereciam, na ida, passagens e estadias para a família, por exemplo, para um congresso de cardiologia em Los Angeles. Na volta, o médico não tinha um compromisso formal com a empresa, mas moral, de fazer uma prescrição, de usar algum tipo de prótese ou o que viu naquele congresso”, exemplificou.
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Dalapicola frisou que um número muito reduzido de médicos do Espírito Santo beneficiou-se com a prática. “A grande maioria não usa esse tipo de benefício. Alguns poucos ainda utilizavam. Essa proibição é uma boa medida, que vai somar. Esse tipo de facilidade podia ser confundida com a comercialização”, afirmou.
Fonte: Gazeta Online