Transmissão pelo sexo
Publicado em 29/02/2016 • Notícias • Português
A França confirmou o primeiro caso de zika vírus transmitido por relação sexual. Trata-se de uma mulher que teria sido infectada pelo parceiro, após ele retornar do Brasil. A ministra da Saúde daquele país, Marisol Touraine, informou que a mulher que não está grávida. O casal, que vive na região metropolitana de Paris, passa bem. Primariamente disseminado pelo mosquito Aedes aegypti, a transmissão do vírus zika por via sexual é considerada rara.
Nos Estados Unidos, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças informou na última semana sobre dois casos de transmissão do zika por relação sexual. Nas duas situações, dois homens que haviam viajado contaminaram as parceiras. Além disso, há outros quatro casos prováveis nos EUA, bem como investigações sobre 14 outros registros.
Ainda sem estudos aprofundados sobre os problemas causados pelo vírus, especialistas alertam que, além de lesões no cérebro de bebês, o zika pode estar provocando problemas no cérebro de adultos. É do que desconfia um grupo de cientistas do Rio de Janeiro, que iniciou um projeto de pesquisa no começo da semana para investigar casos de encefalite (inflamação do cérebro) e de encefalomielite (inflamação também na medula espinhal) que vêm chegando aos hospitais do estado em pacientes que também relataram sintomas da doença.
Os casos investigados chamam a atenção diante de uma revelação feita na semana passada, quando foi noticiado o sequenciamento do genoma do vírus — ele tem proximidade genética com o da encefalite japonesa. A doença causa inflamação cerebral e a transmissão envolve mosquitos do gênero Culex. O dado poderá ser útil para que os cientistas entendam melhor a biologia do zika.
O trabalho no Rio, coordenado por pesquisadores do Instituto D’or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pretende verificar a relação entre o vírus e os problemas relatados. Para isso, é preciso, antes de mais nada, ter a confirmação da infecção, estabelecer a cronologia dos acontecimentos e investigar por imagens do cérebro o que de fato está acontecendo com as pessoas. “Não temos dados epidemiológicos, mas a impressão é de que houve um aumento de relatos de encefalite e mielite nos últimos meses. São casos de acometimento da medula e do cérebro de adultos. A gente já vem trabalhando com a possibilidade de o zika causar problemas neurológicos que são reativos, que é o caso da síndrome de Guillain-Barré (reação do sistema imunológico à infecção). Mas pode ser que gere também problemas diretos”, explica Fernanda Tovar Moll, diretora científica do Idor e professora da UFRJ.
Soro
Na corrida contra o tempo para enfrentar a epidemia de microcefalia, um grupo de pesquisadores da UFRJ e do Instituto Vital Brazil trabalha para desenvolver um soro contra o vírus da zika. A ideia é que o produto seja injetado nas grávidas que contraírem a doença para diminuir a carga viral no organismo e, assim, reduzir o risco de transmissão aos fetos. A pesquisa por um soro foi citada como prioritária pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, na visita da diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan. A expectativa é de que o soro leve menos tempo de desenvolvimento do que uma vacina. Ainda assim, serão necessários de dois a três anos até que esteja liberado para uso humano. A vacina contra dengue está na fase final de testes. Ontem, foi confirmada a primeira morte por dengue na cidade de São Paulo neste ano.
Fonte: Correio Braziliense