CPMF é “poupança necessária”
Publicado em 21/01/2016 • Notícias • Português
Sem medidas de ajuste fiscal para apresentar, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, voltou a defender a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Segundo ele, o imposto é “uma poupança necessária”. Em Davos, na Suíça, onde participou do primeiro dia do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), ele reconheceu que será um desafio para o governo convencer a população e as lideranças políticas a aprová-la.
“A CPMF é uma poupança necessária para atravessarmos esse período de maior instabilidade, enquanto atuamos nas outras áreas da política fiscal”, disse. Entre as medidas pretendidas estão, segundo ele, reformas estruturais para controlar o crescimento do gasto público, que, “para serem viáveis e possíveis, devem ser graduais”. “Hoje, no Brasil, a melhor alternativa é aprovar um aumento temporário da receita para que a economia se recupere mais rápido. Sem isso, vai levar mais tempo para se recuperar”, emendou Barbosa.
A expectativa do ministro é que a CPMF seja aprovada até maio, como o previsto no Orçamento deste ano, para que possa ter efeito fiscal a partir de setembro. Mesmo com essa receita adicional, de acordo com especialistas, o governo não conseguirá cumprir a meta de superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública), de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), neste ano.
O titular da Fazenda foi a Davos para se apresentar à elite financeira global. Teve encontros com executivos de empresas latino-americanas e de bancos internacionais e com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
Barbosa tentou minimizar as novas estimativas do Fundo Monetário Internacional sobre a economia global, divulgadas terça-feira, que previa encolhimento do Brasil de 3,5%. “O FMI faz revisões periódicas. Na anterior, tinha queda do PIB menor do que o mercado e o próprio governo esperavam, e que estava colocado no Orçamento. Agora, é bom lembrar que isso é uma projeção, e as nossas também indicam uma queda”, disse, lembrando que a retração prevista no Orçamento deste ano é 2%.
Instrumentos
Para o ministro, as estimativas do mercado são “pessimistas” e “incertas”. Ele garantiu a retomada da economia no segundo semestre de 2016. “Estamos no início do ano. Trabalhamos com projeções realistas e os modelos indicam queda na atividade em 2016, mas para 2017, ainda é incerto. Temos todos os instrumentos necessários para recuperar a economia mais rapidamente”, afirmou.
Uma das apostas do governo para a retomada do crescimento é o estímulo ao crédito para investimentos de longo prazo, em infraestrutura; para pequena e média empresa; e para capital de giro por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sem a equalização das taxas. “Vamos levar o cavalo à água e depois ver se ele vai beber. Estamos recuperando algumas linhas de crédito direcionado. O que a gente está fazendo nada mais é do que voltar a uma situação normal no Brasil pré-2008”, completou.
Fonte: Correio Braziliense