Pré-eclâmpsia: estudos sobre a prática clínica e a interpretação laboratorial

Publicado em 12/04/2016 • Notícias • Português
A pré-eclâmpsia (PE) é uma das principais causas de mortalidade e morbidade materna e fetal no mundo. O diagnóstico clínico e a definição da PE são comumente baseados na medida de sinais e sintomas não específicos, principalmente hipertensão e proteinúria. Neste artigo de Marisa D´Innocenzo, PhD, Gerente de Assuntos Científicos da Roche Diagnóstica Brasil Ltda., são apresentados resumos de artigos recentemente publicados e que podem influenciar a prática clínica e a interpretação de resultados no laboratório. Baseados em estudos clínicos, consensos e definições das sociedades médicas, trazem um novo olhar à predição e diagnóstico da pré-eclâmpsia no mundo.
Em um desses artigos, Implementation of the sFlt-1/PlGF ratio for prediction and diagnosis of pre-eclampsia in singleton pregnancy: implications for clinical practice, os autores publicaram seu consenso a respeito das implicações da implementação da razão sFlt-1/PlGF para predição e diagnóstico da pré-eclâmpsia na prática clínica. As declarações de consenso apresentam um algoritmo para o risco de desenvolver pré-eclâmpsia em mulheres com sinais e sintomas de PE e em mulheres assintomáticas com alto risco de desenvolver a PE:
1) Mulheres com sinais e sintomas de PE
a. Razão sFlt-1/PlGF < 38 descarta a PE, independente da idade gestacional, por pelo menos uma semana. O manejo a partir desse resultado será de acordo com a decisão do médico.
b. Razão sFlt-1/PlGF > 85 (PE precoce, idade gestacional entre 20 e 34 semanas 0) ou > 110 (PE tardia. Idade gestacional ? 34 semanas): o diagnóstico de PE ou uma desordem relacionada à placenta é altamente provável. O manejo deve ser de acordo com as diretrizes locais.
c. Razão sFlt-1/PlGF entre 38 e 85 (PE precoce, idade gestacional entre 20 e 34 semanas 0) ou razão sFlt-1/PlGF entre 38 e 110 (PE tardia. Idade gestacional ? 34 semanas): a gestante não está em PE no momento do teste. Apesar de a maioria não desenvolver PE, essas mulheres podem estar sob alto risco de desenvolver a PE dentro de quatro semanas e devem ser monitoradas de perto.
– Precoce (entre 20 e 34 semanas): considerar um acompanhamento com a razão sFlt-1/PlGF em uma a duas semanas, de acordo com a situação clínica individual. Os resultados devem ser tratados de acordo.
– Tardia (? 34 semanas): um resultado intermediário da razão sFlt-1/PlGF é sugestivo de uma potencial disfunção placentária. Considerar a redução do limite para a indução do parto.
d. A razão sFlt-1/PlGF como auxiliar no diagnóstico de PE foi demonstrada. Em mulheres com PE já confirmada (pressão arterial elevada e proteinúria), a razão sFlt-1/PlGF pode ser útil para determinar a severidade da desordem.
2) Mulheres sem sinais e sintomas de PE, com alto risco de PE, ou seja, com critérios estabelecidos associados ao risco aumentado de desenvolver PE; ou que tenham sido identificadas como de alto risco com o resultado de exame de doppler de artéria uterina; ou aquelas em que seja percebido risco aumentado para PE.
a. Nessas mulheres, considera-se que a idade gestacional apropriada para o início da medida da razão sFlt-1/PlGF seja entre 24 e 26 semanas, já que a partir dessa idade as diferenças nos valores da razão passam a ser maiores entre gestantes normais e as que poderão desenvolver PE precocemente.
b. Aquelas gestantes cuja razão sFlt-1/PlGF seja normal (< 38) podem ser asseguradas de que a PE pode ser descartada por pelo menos uma semana, mas não por toda a gravidez e, portanto, as medidas seriadas devem ser consideradas. Atualmente, não há uma recomendação específica em relação ao intervalo de acompanhamento utilizando o teste.
c. Ao contrário, as mulheres com um resultado anormal da razão sFlt-1/PlGF (> 38) devem ser consideradas com suspeita de PE e manejadas de acordo.
Fonte: Lab Network