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Pacientes de planos têm até 3 vezes mais médicos disponíveis

Publicado em 07/01/2016 • Notícias • Português

Os pacientes de planos de saúde têm até três vezes mais médicos disponíveis do que os usuários da rede pública, mostra estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
De acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil 2015, divulgado ontem, a rede pública tem quase o mesmo número de médicos do que a rede privada, mas precisa atender o triplo de pacientes. Conforme dados da pesquisa, 78,4% dos médicos têm vínculos com o setor privado e 73,1%, com o público – os dados se sobrepõem porque boa parte dos profissionais atua nos dois setores. No entanto, a rede privada atende 50 milhões de pessoas, enquanto o SUS é responsável pela saúde de 150 milhões de brasileiros.
“Essa desigualdade pode diminuir com políticas públicas de saúde, maior capacidade administrativa e criação de uma carreira de Estado para médicos, que traga perspectiva de progressão e melhores condições de trabalho”,diz Carlos Vital, presidente do CFM.
Ainda de acordo com o estudo, 59% dos médicos brasileiros são especialistas e eles também estão mais concentrados no setor privado.Dos que trabalham na rede pública, somente 4,8% atuam em ambulatórios de especialidades. Na rede privada, 60% estão em consultórios ou clínicas do tipo. A distribuição de especialistas também é desigual por região.O Estado de São Paulo, por exemplo, tem mais desses profissionais do que Norte, Nordeste e Centro-Oeste juntos.
Desde 2009, a cirurgiã plástica Erica Manzano, de 40 anos, trabalha exclusivamente na rede privada. “No começo, trabalhava no SUS.O problemaé que o setor de cirurgia plástica do hospital foi desativado e fiquei na área privada.” Erica conta que as condições das unidades da rede pública interferiram na sua opção por atuar no setor particular.
“Troquei por qualidade de trabalho, estrutura e pelo salário também. É difícil trabalhar em um hospital que não tem estrutura, sem recursos.” Ela acredita que, cada vez mais, profissionais podem fazer a mesma escolha.“A população está crescendo e a qualidade do serviço está caindo. Em um hospital público,o profissional trabalha com menos qualidade, atende muitos pacientes, correndo risco de vida, e há médicos que são ameaçados.” Aumento. O estudo mostrou ainda que o índice de médicos por 1 mil habitantes cresceu nos últimos cinco anos no País,mas ainda está abaixo da taxa recomendada pelo Ministério da Saúde. Em 2010, a taxa era de 1,95 profissional do tipo por 1 mil brasileiros. Neste ano, o índice chegou a 2,11, número inferior ao índice de 2,5 considerado ideal para garantir assistência adequada à população.
O maior desafio ainda é a distribuição desigual de médicos entre as regiões brasileiras. No Sudeste, a proporção de médicos pela população é de 2,75,ante 1,09 no Norte.
A maior disparidade ocorre quando comparado o número de doutores que trabalham nas capitais com os que atuam no interior. Embora as primeiras reúnam apenas 23,8% da população do País, 55,2% dos médicos estão nessas cidades.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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