Para especialistas em saúde, clínicas expressas não são a melhor solução
Publicado em 09/01/2016 • Notícias • Português
A questão da concentração de problemas simples em centros de urgência existe, mas as clínicas expressas, em seu modelo atual, não são a melhor solução para os pacientes, segundo especialistas em gestão da saúde.
Para Gisele O’Dwyer, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública, o modelo é problemático ao buscar tirar do SUS e dos planos de saúde pacientes que, caso precisem de mais atenção, podem não ter como bancar exames e procedimentos.”Quem não pode pagar pelo plano tem de ir para o SUS ou vai estar perdendo tempo. Apesar de toda a dificuldade, o sistema público está se responsabilizando por ela.”
Ela também diz ver com preocupação o fato de o pronto atendimento ser feito com poucos recursos. “É preciso ter acesso garantido a raio-x, ultrassom, laboratório, exames de imagens. Não ter pode levar a erros de diagnóstico.”
O afastamento dos pacientes da rede de saúde também é o problema apontado por Ana Maria Malik, coordenadora do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Fundação Getulio Vargas.
A rede conta com a identificação dos pacientes, a atualização de seu histórico, um acompanhamento preventivo e capacidade de auxiliá-lo quando há a necessidade de agendamento de procedimentos médicos, explica Malik.
Para Don Cordeiro, presidente-executivo da MinutoMED, o SUS e as clínicas expressas são complementares. Segundo ele, o sistema público é uma boa opção para o tratamento de problemas complexos, mas não consegue priorizar os dois tipos de paciente ao mesmo tempo.
IMPORTADO DOS EUA
Com o objetivo de atender pessoas que querem fugir das filas em hospitais, novas redes de clínicas médicas prometem atendimento expresso para pacientes com queixas de pouca complexidade.
O modelo, importado dos Estados Unidos, é baseado na disseminação de unidades enxutas, com apenas um clínico geral e enfermeiros, localizadas em pontos comerciais de muito movimento.
Esses são os casos da Dr. Agora e da MinutoMED, redes que atuam em São Paulo e oferecem consultas a R$ 89. Em ambas não é preciso agendar horário para ser prontamente atendido e elas não possuem parcerias com planos de saúde.
Para que o processo seja feito com agilidade, os enfermeiros fazem uma triagem dos pacientes para verificar se suas queixas podem ser tratadas ali, exigem um especialista ou devem ser encaminhados a um pronto-socorro.
Fonte: Valor Econômico