Depois de se reunir com Henrique Meirelles, o nome favorito para o Ministério da Fazenda, o vice-presidente Michel Temer vai conversar neste domingo com o senador tucano José Serra, no Palácio do Jaburu. Serra já foi cotado para a Fazenda, mas Temer gostaria que ele ocupasse um cargo importante em seu governo na área social. Assim como Fernando Henrique o surpreendeu com um convite para o Ministério da Saúde, onde Serra teve um bom desempenho, Temer agora gostaria que ele ou repetisse o posto na Saúde ou ocupasse o Ministério da Educação.

Serra tem dito que só iria ocupar um ministério num governo Temer se isso ocorrer em acordo com seu partido, o PSDB. O partido, no entanto, está dividido quanto há isso: há os que pensam que, se apoia o afastamento de Dilma, o partido deve integrar o novo governo, tal como aconteceu no caso de Itamar Franco, em 92; outra ala acha melhor conhecer primeiro quem serão as companhias de equipe; e outra acha que o partido deve ficar fora do governo e dar o apoio necessário no Congresso.

Temer tem feito várias conversas com pessoas que podem ocupar cargo se confirmado o impeachment da presidente Dilma, mas tem tido a preocupação em não fazer convites para não colocar o carro adiante dos bois – não montar a equipe sem antes ser confirmado o afastamento de Dilma. Mas, no Palácio do Jaburu e no círculo mais próximo de Temer, as conversas indicam que a instalação de um novo governo é apenas questão de tempo. Não é cogitada a possibilidade de algum fato que possa impedir a posse do vice.

Segundo pessoas próximas, Temer tem realizado conversas com a preocupação, também, de tratar institucionalmente de eventuais convites. A conversa com Meirelles, por exemplo, aconteceu com convite também ao presidente do partido dele, o PSD, Gilberto Kassab, que foi ministro das Cidades de Dilma até a semana passada. Da conversa participou, também, Romero Jucá, hoje presidente do PMDB por conta de licença do próprio Temer.

Ao mesmo tempo em que faz estas conversas políticas, Temer tem desenhado, também, a estrutura administrativa de um eventual governo. Segundo interlocutores, ele já decidiu cortar o número de ministérios, mas precisa saber o tamanho da base que terá e quantos cargos serão necessários para abrigar os partidos que lhe derem apoio. Segundo assessores, Temer não conseguiria de uma vez cortar o hábito enraizado na política brasileira de entregar cargos a partidos aliados – cobrança feita muitas vezes pelo PMDB ao governo Dilma.

Fonte: G1