Melhores e Maiores: A construção de um império da saúde
Publicado em 01/07/2016 • Notícias • Português
Quando o governo federal abriu o mercado de saúde à participação de investidores estrangeiros em janeiro de 2015, o primeiro gigante hospitalar do país já estava formado. Desde 2010, a Rede D’Or São Luiz havia adquirido 11 hospitais e se posicionava à frente dos competidores no movimento de consolidação do segmento, tradicionalmente composto de redes regionais de pequeno e médio porte. Não bastasse isso, o grupo foi o primeiro a se beneficiar da nova legislação, atraindo aportes de dois fundos internacionais que, somados, totalizaram cerca de 5 bilhões de reais. Resultado: mais quatro aquisições até o início de 2016.
Hoje, a Rede D’Or São Luiz opera com 31 hospitais próprios e outros dois que mantêm sua gestão. No ano passado, seus 34 000 funcionários e 87000 médicos credenciados realizaram 3 milhões de atendimentos de urgência, 170000 cirurgias e 25000 partos. O faturamento do grupo aumentou 10,5%, já descontada a inflação, e chegou a 4,9 bilhões de reais, enquanto a rentabilidade das vendas ficou em 15,9% — um conjunto de números que fizeram a empresa ser considerada a melhor do setor de saúde em MELHORES E MAIORES.
Para continuar crescendo no mesmo ritmo, será preciso superar alguns desafios. Com o aumento do desemprego, cerca de 1,6 milhão de pessoas perderam seus planos de saúde desde o início de 2015, o que representa menor demanda em hospitais privados. Paralelamente, o grupo precisa lidar com o “problema” de integrar numa operação uniforme e padronizada tantos hospitais com práticas e culturas diferentes entre si. “Nossa base hoje é muito grande, os hospitais que adquirimos têm muito espaço para expansão e o retorno sobre o investimento é muito maior e mais rápido”, diz Heráclito Brito, presidente da Rede D’Or.
A principal meta divulgada pelo grupo, de aumentar a quantidade de leitos de atendimento dos atuais 4 900 para cerca de 8 000 em 2020, é agressiva. Mas, apesar de estar construindo dois
hospitais — um na cidade do Rio de Janeiro e outro em São Caetano, na Grande São Paulo —, de ter adquirido recentemente um terreno em Campinas e de estar de olho em ativos na Região Sul do Brasil, a prioridade no momento é capturar sinergias entre tantas operações compradas, ganhar eficiência nos processos e investir na modernização e na expansão das unidades já em funcionamento. Uma das principais medidas para atingir esses objetivos foi a implantação, no início de 2014, de um centro de serviços compartilhados, na capital carioca, que serve a todas as unidades hospitalares do grupo. Segundo a Rede D’Or, a estrutura permitiu uma redução média de 40% nos custos administrativos das unidades adquiridas, além de uma queda de 7% nos valores de contratação de serviços, entre outras economias. Até agora, o sucesso da estratégia do grupo é inegável e pode ser resumido em um número: as vendas de participação a fundos estrangeiros (Car-Ivle e GIC) avaliaram a D’Or em cerca de 20 bilhões de dólares.
Fonte: Exame – Melhores e Maiores