Saúde: Paes afirma que estado precisa ‘tomar vergonha na cara
Publicado em 04/07/2016 • Notícias • Português
O prefeito Eduardo Paes disse que o estado precisa “tomar vergonha na cara” e resolver a crise na saúde. Segundo ele, o problema é de gestão, pois já foi dada ajuda financeira. O agravamento da crise no Rio instalou uma disputa institucional entre o município e o estado, ambos comandados pelo PMDB. Ontem, o prefeito Eduardo Paes disparou uma ofensiva contra o governo estadual, após uma reunião de praxe com secretários e subprefeitos na Barra da Tijuca. Ele disse que não vai mais assumir funções que dizem respeito ao governador em exercício Francisco Dornelles. Paes pediu ao governador e a seu secretariado que “arregacem as mangas” e comecem a trabalhar para combater a crise.
Indagado sobre a possibilidade de fechamento de unidades de saúde da rede estadual, Paes declarou que o governo precisa “tomar vergonha na cara” e cumprir suas obrigações. Segundo ele, a crise é um “problema de gestão”.
— Já deu. O estado já passou muita responsabilidade para o município. Eles já receberam dinheiro do governo federal. Está na hora de fazer gestão, de tomar vergonha na cara e cumprir suas obrigações — afirmou. — Tudo tem limite. Falta capacidade gerencial. O governo federal acabou de repassar R$ 3 bilhões.
Já o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior, esclareceu ontem que não disse ao GLOBO que hospitais poderiam fechar com o agravamento da crise financeira. Em nota, ele ressaltou que, “graças à efetiva redução de custos realizada na sua gestão, hospitais estão funcionando mesmo com um quadro financeiro mais grave que o do ano passado” e que, “graças à chegada dos recursos federais, o funcionamento da rede está garantido nos próximos meses”. Na última sexta-feira, o titular da pasta afirmou que avisou ao governador sobre o quadro financeiro da área e sobre o risco de paralisação de serviços, caso recursos não fossem remanejados para o setor — Dornelles já havia se comprometido a socorrer a saúde estadual. Em dezembro do ano passado, uma crise no setor levou à suspensão do atendimento em emergências, além do adiamento de cirurgias.
O prefeito também não poupou a área da segurança, destino dos recursos emergenciais da União. Ao falar sobre o roubo, na quinta-feira, na Avenida Brasil, de equipamentos de duas emissoras de TV alemãs avaliados em R$ 1,5 milhão — o material foi mais tarde recuperado —, Paes novamente criticou o governo. Segundo ele, falta comando das forças policiais. Ele cobrou uma atitude do governador em exercício.
— Respeito as forças policiais, mas é preciso comando. A prefeitura assumiu hospitais, Biblioteca Parque, está pagando à Fecomércio. Está na hora de o governo estadual trabalhar e parar de choramingar. Já está atrapalhando demais o Rio de Janeiro esse chororô do governo estadual. Eu confio no governador Francisco Dornelles. Está na hora de ele e de seu secretariado arregaçarem as mangas e assumirem as responsabilidades. De fazerem gestão e economizarem o dinheiro público.
Paes também lembrou que o governo estadual não cumpriu as promessas de despoluição da Baía de Guanabara e das lagoas de Jacarepaguá.
Procurada, a assessoria de Dornelles afirmou que ele não comentaria as declarações do prefeito. Em entrevista ao “RJ-TV”, da TV Globo, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que Paes “é um parceiro”.
— Ele está junto comigo nessa luta — disse e se referiu ao roubo dos equipamentos de TV. — Foi uma ação direcionada. Não foi falta de segurança na rua.
Em relação ao cronograma de obras da cidade para os Jogos, Paes informou que entregará o BRT Transolímpico no dia 10 deste mês.
POLICIAIS RECEBERÃO R$ 43 MILHÕES
Também ontem, Dornelles se reuniu com secretários das áreas financeira e de segurança, anunciando que vai pagar R$ 43 milhões a três mil policiais que trabalharão durante os Jogos Olímpicos, dentro do Regime Adicional de Serviço (RAS, como é chamado o sistema de horas extras). O governador também reiterou que depositará hoje a segunda parcela dos salários de maio, além de quitar o RAS atrasado. Ao longo da semana, policiais civis, militares e bombeiros também receberão o vencimento de junho. Já os demais servidores só terão o salário depositado no décimo dia útil do mês.
— Posso garantir que, com a verba enviada ao Rio pelo presidente Temer e com o empenho das polícias Militar e Civil, vamos ter as Olimpíadas mais seguras da história — disse Dornelles.
Fonte: O Globo