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Volta por cima

Publicado em 25/07/2016 • Notícias • Português

José Seripieri Júnior, fundador e presidente da Qualicorp, não tem do que reclamar deste ano. Principalmente, se ele lembrar do que lhe aconteceu no ano passado: em abril, um acidente com seu helicóptero no município de Carapicuíba (SP) matou Thomaz Alckmin, de 31 anos, filho do governador paulista Geraldo Alckmin, e outras quatro pessoas. Em junho, seu nome foi, erroneamente, vinculado pela imprensa às buscas e apreensões feitas pela Operação Acrônimo da Polícia Federal, que investigava doações feitas por empresários na campanha política de 2014. Júnior, como é conhecido, é amigo de Lula, e integrava uma lista de pessoas de interesse da investigação, de acordo com o jornal “O Globo”.
Apesar de o erro ter sido rapidamente corrigido, as ações da Qualicorp despencaram. O mercado temeu que a investigação contaminasse os negócios. “Do ponto de vista operacional, não houve mudanças que justificassem a queda. O episódio ajuda a explicar a queda das ações a partir de junho de 2015”, diz um executivo do setor de saúde.
Já em 2016, quanta diferença. O lucro da companhia quadruplicou para RS 194 milhões entre janeiro e março. Parte disso deveu-se à engenharia fiscal. Na capital paulista, a alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS) é de 5% do faturamento.
A transferência de três das empresas do grupo para o município de Barueri, a 26 quilômetros da capital paulista, onde a alíquota de ISS é de apenas 1%, gerou uma economia de RS 25 milhões.
No começo de julho, rumores de venda do controle provocaram nova alta. Os papéis retornaram aos R$ 20 anteriores ao imbróglio da Acrônimo com a especulação de que a Qualicorp estava sendo sondada por dois fundos de private equity – os americanos Carlyle e CVC Capital Partners – e o GIC, fundo soberano de Cingapura, que poderiam, em conjunto, comprar 100% das ações. No entanto, quem acompanha o mercado avalia que a aquisição do controle parece improvável. Bruno Giardino, analista do Santander, acredita que a compra não faria muito sentido para um fundo de private equity, pois a Qualicorp está madura. Nas últimas semanas, as ações atingiram o preço alvo, estimado em R$ 21. “Os private equities costumam mirar em empresas com ineficiências ou problemas operacionais, que justifiquem um choque de gestão, e não é o caso da Qualicorp.” O que poderia atrair os investidores é o potencial de crescimento da companhia, que funciona como uma distribuidora de planos de saúde. Giardino avalia que apenas um em cada quatro brasileiros possui esse produto. Para ele, faria sentido reproduzir a estratégia do fundo americano Advent, que comprou 13% do capital dos laboratórios Fleury em setembro passado, para injetar uma dose de eficiência.
O cenário para a Qualicorp é positivo.
Apesar de os planos de saúde terem perdido 910 mil clientes no primeiro semestre, e de o número de cancelamentos tender a aumentar, a empresa vem conquistando 100 mil novos clientes por mês. Por ser um marketplace de plano de saúde, que vende produtos de diversas operadoras a associações de classe, ela pode até se beneficiar do desemprego mais alto. Nesse cenário, clientes de planos corporativos podem migrar para os de adesão, como são chamados os planos de classe.
Procurados, Qualicorp, Carlyle, GIC e CVC não comentaram.

Fonte: IstoÉ Dinheiro

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