Ricardo Barros: “Saúde: só prevenção garante eficiência”
Publicado em 19/08/2016 • Notícias • Português
Estudos de países em desenvolvimento já indicam que, possivelmente, teremos a primeira geração que viverá menos anos do que os seus pais. No Brasil, os hábitos da população mostram que estamos seguindo o mesmo rumo de países que passaram por uma transição nutricional, da desnutrição para a obesidade.
A má alimentação, o sedentarismo, o consumo de cigarro e o álcool levam ao adoecimento. São exemplos das doenças adquiridas por esses maus hábitos: a diabetes, a hipertensão, o infarto e o AVC, que sobrecarregam o sistema de saúde.
As doenças crônicas não transmissíveis, como são chamadas, respondem por 72% das mortes no Brasil. Só para tratar a obesidade, o SUS gasta quase meio bilhão de reais em um ano. Éimpossível vislumbrar um sistema público de saúde sustentável sem frear o avanço dessas enfermidades.
Ações práticas e simples de promoção à saúde também significam economia. Para mantermos uma rede capaz de atender a todos os brasileiros, é urgente investirmos na promoção de hábitos saudáveis e combatermos doenças potencializadas pelos comportamentos de risco. Só assim vamos promover qualidade de vida e garantir a sustentabilidade do SUS.
O Ministério da Saúde, nos últimos dois meses, deu passos importantes. Avançamos na retirada de sódio dos alimentos processados, que alcançou, somente no último monitoramento, a retirada de mais de 14 mil toneladas de sódio do mercado, equivalentes a 52 km de caminhões cheios de sal – e anunciamos mais um acordo com a indústria, agora para redução do açúcar nos produtos industrializados.
Levei para a reunião de ministros do Mercosul a necessidade de o consumidor ter mais informações sobre o que está comprando e a discussão para aprimorar os rótulos dos alimentos já está na agenda prioritária da Anvisa.
No entanto, queremos ir além. Precisamos chegar até a população. Portaria publicada neste mês pelo Ministério da Saúde garante a oferta de alimentos saudáveis – mais in natura possível – nas dependências da pasta e unidades vinculadas.
Nesses espaços e eventos com financiamento da pasta, fica proibida a venda, promoção ou publicidade de alimentos processados, ricos em gorduras, açúcar e sódio. Nosso desejo é que essa medida seja replicada em todos os ambientes de trabalho do país. Convido os demais órgãos federais, estados e municípios a aderirem à criação de ambientes saudáveis.
Divulgamos também um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, financiada pelo Ministério da Saúde, o qual revelou que 17,1% dos adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos estão com sobrepeso e 8,4% são obesos. Entre os 20 alimentos mais consumidos por meninos e meninas, o refrigerante ocupa a sexta posição enquanto as frutas sequer aparecem.
Mais de 80% consomem sódio em excesso. Para isso, vamos propor ações voltadas aos estudantes. Trabalhamos, por isso, em medidas legislativas para garantir que as escolas públicas e privadas sejam os principais ambientes promotores da alimentação saudável.
Entre os adultos, os índices são igualmente preocupantes: a obesidade já atinge uma em cada cinco pessoas. Se quisermos um futuro mais saudável, é preciso mudar agora. Precisamos promover a prática de atividades físicas, a alimentação saudável, controlar o consumo de cigarro e álcool, para obtermos um avanço significativo na saúde dos brasileiros.
Fonte: Correio do Estado Online