Pequeno dispositivo portátil pode servir como alternativa às biópsias
Publicado em 03/04/2019 • Notícias • Português
Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos desenvolveu um dispositivo portátil capaz de “capturar” células cacerígenas diretamente da corrente sanguínea, sem a necessidade de recorrer à biópsia, revelou um estudo divulgado nesta segunda-feira pela revista científica “Nature”.
A pesquisa, desenvolvida na Universidade de Michigan, testou em modelos animais a eficácia deste protótipo, que poderia ajudar em melhores diagnóstico e tratamento, destacaram os especialistas.
“Ninguém quer se submeter a uma biópsia. Se pudermos obter células cancerígenas suficientes do sangue, podemos usá-las para conhecer a biologia do tumor e determinar o tipo de cuidado”, explicou em comunicado Daniel F. Hayes, especialista em câncer de mama e principal autor do estudo.
O dispositivo é pouco maior que uma caixa de fósforo, com dimensões de 6,98 cm por 5,08 cm e por 2,54 cm, e se conecta através de um cateter à veia do paciente para “capturar” continuamente durante aproximadamente duas horas um volume de sangue maior do que com as biópsias.
Nos testes com animais, apontaram os especialistas, o chip incorporado por este inovador pequeno aparelho portátil multiplicou por 3,5 vezes a quantidade de células captadas por cada milímetro de sangue em comparação com os métodos convencionais.
Os tumores, lembram, podem liberar na corrente sanguínea mais de mil células cancerígenas por minuto, mas os procedimentos atuais para capturar essas células trabalham com amostras muito pequenas de sangue obtido de pacientes.
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Em consequência, algumas extrações de sangue têm resultados negativos, pois não chegam a detectar células cancerígenas, inclusive em pacientes nos quais a doença está muito avançada.
“É a diferença entre ter uma câmera de segurança que tira uma foto de uma porta cada cinco minutos e a que grava um vídeo. Se um intruso chegar entre as fotos, não saberemos”, disse a engenheira química Sunitha Nagrath, que liderou o desenvolvimento do dispositivo.
Além disso, estudos anteriores demonstraram que a maioria das células cancerígenas não sobrevive na corrente sanguínea, enquanto as que não morrem podem, frequentemente, iniciar um novo tumor.
Além disso, normalmente, estes “tumores satélite”, denominados metástases, são mais letais do que os originais, explicaram os especialistas.
Por isso, as células cancerígenas capturadas de maneira contínua no sangue podem fornecer melhor informação do que as obtidas, por exemplo, através de biópsia, a fim de desenhar tratamentos alternativos mais efetivos.
“É o ápice da medicina de precisão, algo muito emocionante para o campo da oncologia neste momento”, comemorou Hayes, estimando que o dispositivo pode ser testado em humanos dentro de três ou cinco anos.
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Fonte: Panorama Farmacêutico