Estudo aprimora eficácia de imunoterapia contra câncer
Publicado em 02/01/2020 • Notícias • Português
Um novo estudo de pesquisadores da Universidade da Basileia, na Suiça, mostrou que o uso simultâneo de anticorpos baseados em dois mecanismos de ação diferentes pode levar a uma destruição mais eficaz dos tumores. Os resultados do trabalho foram publicados na revista científica PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, e sinalizam nova alternativa a pacientes que não respondem às opções atualmente oferecidas de imunoterapia.
Nos últimos anos, as imunoterapias contra o câncer aumentaram as esperanças de médicos e pacientes. O tratamento recruta o sistema imunológico do corpo para destruir o tecido cancerígeno. Um anticorpo ativa uma proteína chamada CD40 na superfície das células imunes, estimulando a produção das chamadas células T killer naturais, que tiveram resultados promissores em estudos pré-clínicos.
No entanto, em ensaios clínicos seguintes, o sucesso do anticorpo CD40 ficou aquém das expectativas — menos de 20% dos pacientes responderam positivamente aos testes. O grupo de pesquisa de Imunologia do Câncer da Universidade de Basileia mostrou agora – em modelos animais – que o efeito do anticorpo anti-CD40 pode ser aumentado significativamente se combinado com outros dois anticorpos que se ligam aos vasos sanguíneos do tumor.
— Normalmente, os vasos sanguíneos de um tumor estão vazando ou atrofiados. Portanto, não há uma boa maneira de as células T killer entrarem — explicou o líder do estudo, Dr. Abhishek Kashyap. — Nossa hipótese é a de que as células assassinas são capazes de invadir o tumor e destruí-lo apenas se houver vasos sanguíneos saudáveis o suficiente.
Os pesquisadores combinaram o anticorpo anti-CD40 com dois outros anticorpos antiangiogênicos capazes de estabilizar os vasos sanguíneos do tumor. Um dos anticorpos já está aprovado para terapia contra o câncer sob o nome Avastin, enquanto o outro ainda está em desenvolvimento clínico.
Nova combinação destrói tecido tumoral
Os pesquisadores testaram a nova combinação de anticorpos em vários tipos de animais para diferentes tipos de câncer, entre eles o colorretal, o de mama e o de pele. Como esperado, a combinação dos três anticorpos melhorou significativamente a destruição do tecido tumoral em todos os tumores.
Uma análise mais detalhada também mostrou que o sucesso da pesquisa foi baseado no mecanismo previsto: a adição dos dois anticorpos antiangiogênicos garantiu que os tumores tivessem mais vasos sanguíneos intactos.
Inesperadamente, no entanto, a pesquisa também mostrou que a combinação de anticorpos fortaleceu efetivamente o sistema imunológico de várias maneiras, através de uma melhor penetração do tumor pelas células T killer e promovendo uma reação inflamatória hostil ao tumor no microambiente cancerígeno.
— Nossos resultados ilustram o quanto é importante entender a biologia dos tumores — diz Kashyap.
O imunologista acredita que pacientes com tumores “frios” — que não respondem bem à imunoterapia — poderiam se beneficiar mais dessa nova combinação. — Os anticorpos antiangiogênicos podem aquecer os ‘tumores frios’, para que a imunoterapia funcione melhor.
Ensaios clínicos iniciais em seres humanos já estão em andamento. Segundo Kashyap, a força do estudo reside não apenas nos grandes efeitos medidos, mas também no fato de vários laboratórios diferentes terem alcançado os mesmos resultados. Os experimentos foram realizados no Hospital Universitário de Basileia, EPFL e no Roche Innovation Center Zurich. Todos os anticorpos foram fornecidos pela farmacêutica Roche.
Fonte: Yahoo Notícias
Fonte: Panorama Farmacêutico