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A crise não tem dono

Publicado em 11/01/2016 • Notícias • Português

Pacientes travam luta diária para marcar de consultas a cirurgias nas 356 unidades de saúde das redes municipal, estadual e federal no Rio. Crise no atendimento é geral. A batalha diária de pacientes em busca de atendimento médico para aliviar seu sofrimento, de uma simples consulta a uma cirurgia, é a prova de que a crise da saúde é generalizada. Embora tenham socorrido a rede estadual — com liberação de recursos e municipalização de unidades —, a prefeitura e o governo federal também não têm muito o que comemorar no que diz respeito aos próprios hospitais. Em visita a unidades das três esferas, O GLOBO ouviu relatos comoventes de pessoas que estão em filas de espera há meses. Pode-se aguardar mais de um ano para se conseguir um simples exame de imagem.
No Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, uma paciente contou que, desde junho, está na fila por uma cirurgia de hérnia umbilical, sem qualquer previsão. Por isso, teme sofrer complicações. Lá, na manhã da última quinta-feira, outros pacientes também reclamavam da espera na emergência, de três horas em média.
Aguardar por atendimento já é rotina na vida de quem necessita da rede pública. Pacientes do Hospital Municipal Souza Aguiar e do Centro Estadual de Diagnóstico por Imagem (Rio Imagem), um dos mais bem equipados do Rio, se queixam de demora e falta de pessoal. As duas unidades ficam no Centro.
A rede de saúde do estado enfrenta uma grave crise e, em dezembro, esteve à beira de um colapso completo. Os hospitais Getulio Vargas (Penha), Albert Schweitzer (Realengo) e da Mulher (São João de Meriti) chegaram a fechar as portas da emergência. Devido ao quadro, a prefeitura, antes de anunciar que assumiria a gestão do Albert Schweitzer e do Rocha Faria (Campo Grande), chegou a liberar um empréstimo de R$ 100 milhões para o governo estadual. Ao assumir os dois hospitais, o município se vê diante da perspectiva de um gasto extra anual de aproximadamente R$ 500 milhões, que exigirá uma manobra no orçamento de 2016.
Já o Ministério da Saúde, em dezembro, acenou com um repasse, em parcelas, de R$ 135 milhões. A última remessa, de R$ 75 milhões, chega amanhã. Apesar da ajuda, a dívida total da Saúde estadual ainda está em quase R$ 1,4 bilhão.
Juntas, as redes federal, estadual e municipal têm 356 unidades, de UPAs a hospitais de alta complexidade. A crise ensinou que, além de questões financeiras, há sérios problemas de gestão, que exigem administração compartilhada. A promessa é otimizar o uso de insumos (com remanejamento de recursos de um hospital para outro, independentemente da rede) e ter maior flexibilidade para atender pacientes. Na prática, a reportagem mostra que a promessa ainda não saiu do papel.

Fonte: O Globo

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