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Agência propõe novo atendimento de planos de saúde contra câncer

Publicado em 04/10/2016 • Notícias • Português

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) vai propor um novo modelo de atendimento e cuidados em relação ao câncer para a rede de planos de saúde.
A ideia do projeto, que será lançado na quarta (5) em parceria com entidades na área de oncologia,é que planos e prestadores de serviços —como hospitais e clínicas— adotem ações para corrigir gargalos e passem a organizar em conjunto os caminhos do paciente dentro da rede.
A proposta, em caráter de testes, visa buscar meios para a aceleração do diagnóstico e do tratamento de câncer na rede suplementar,que reúne 48 milhões de usuários.
Hoje, a avaliação é que esse sistema é fragmentado. O usuário fica perdido entre consultas e exames, gastando muito tempo até identificar corretamente um problema e iniciar seu tratamento.
“A maior parte dos gargalos que temos não são de acesso, mas de informação”, afirma a diretora de desenvolvimento setorial da ANS,Martha Oliveira. “Um exemplo é o paciente que faz um exame e não vai buscar,mas o resultado era positivo, ou que faz e não sabe onde levar”, diz.
Para a diretora da agência, o sistema vive um paradoxo, com alto número de exames realizados na rede e, ao mesmo tempo, de pacientes que procuram assistência com diagnóstico tardio.
“Estamos recebendo muitos pacientes com câncer avançado e, por outro lado, tendo muitos exames desnecessários.
Estamos fazendo muito e errado”, avalia a diretora. “E a pessoa que não está conseguindo fazer?” Neste ano,a estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer) é de 596 mil novos casos de câncer no país.
“O grande problema é que a epidemia de câncer ainda não começou no Brasil. O boom deve ser daqui a 15 anos, porque é uma doença muito ligada ao envelhecimento da população. Se o sistema já está desorganizado, imagina quando o número crescer?”, questiona José Eduardo de Castro, consultor da Fundação do Câncer, instituição que auxilia no projeto.
Apelidada de Onco Rede, a iniciativa prevê que laboratórios e clínicas criem um alerta de forma a garantir que resultados críticos cheguem a quem solicitou o exame.
Também será recomendada a adoção de laudos integrados, em que o paciente deixa de receber resultados separados e passa a ter uma só avaliação compartilhada entre vários profissionais.
A ANS irá propor equipes multi profissionais e grupos de decisão para avaliar os casos.
A proposta inclui ainda a presença de um coordenador de cuidado,profissional para fazer busca ativa de pacientes e direcioná-los dentro da rede. O modelo é semelhante ao já aplicado em países como Inglaterra e Canadá.Também deve haver estímulo à prevenção e diagnóstico precoce.
A adesão dos planos e hospitais será voluntária.As iniciativas serão acompanhadas pela ANS e entidades por um ano. Em seguida, a ideia é estender parte das experiências para todo o setor.
Para que as ações ocorram, operadoras devem testar novas formas de pagamento a quem presta o serviço. A ideia é deixar de pagar só pela quantidade de procedimentos e remunerar também por resultados obtidos e qualidade.
Para Luciana Holtz,do Instituto Oncoguia,que representa pacientes com câncer,a iniciativa é positiva,mas precisa de incentivo e adesão das operadoras para sair do papel.
“Não adianta ter essa proposta se não virar prática para beneficiar os pacientes”, afirma. “Hoje o paciente reclama muito do quanto é jogado de um especialista a outro e o diagnóstico não fecha.” Para Solange Mendes, presidente da FenaSaúde,que representa operadoras de planos de saúde, o projeto “trata de mudanças de paradigma”, sendo preciso buscar“melhores resultados assistenciais e econômico-financeiros”.
“Esse atual modelo estimula a super utilização dos recursos da medicina e,muitas das vezes, sema real necessidade clinicamente comprovada.”

Fonte: Folha de São Paulo

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