O atendimento domiciliar não era novidade na vida do urologista mineiro Edward Gomes, que chegou a trabalhar com atendimento de ambulância quando desembarcou em São Paulo, há alguns anos. Mas o agendamento de consulta domiciliar via aplicativo Beep Saúde surgiu como nova oportunidade de captação de pacientes e como alternativa mais rentável, já que ele pôde cobrar três vezes mais pela consulta no endereço do paciente do que no consultório. Mas há outras vantagens: o conforto do paciente e a agilidade do serviço. “Mesmo que tenha trânsito, o atendimento é mais rápido que o hospitalar”, avalia.

O Beep Saúde é um dos serviços nascidos nos últimos meses com foco na “uberização” da saúde. A ideia é seguir a mesma lógica do aplicativo de compartilhamento de transporte com plataformas que permitem ao interessado buscar profissionais em determinada localização, com acesso a horários, informações cadastrais, pagamento por cartão de crédito e avaliação do serviço prestado.

O sistema visa suprir necessidades de pacientes que lota os pronto-atendimentos hospitalares com casos de baixa complexidade e somam cerca de 80% dos casos atendidos. Não por acaso, as especialidades mais demandadas são pediatria, geriatria e clínica geral. O médico e idealizador do Beep Saúde, Vander Corteze, sócio da rede de 12 clínicas de medicina do trabalho BR Med, se inspirou na economia compartilhada para criar um marketplace de profissionais de saúde que funciona via aplicativo, por meio do qual são localizados profissionais disponíveis em um raio de 10 quilômetros, e hoje tem 1,2 mil médicos.

O serviço lançado no início do ano contabiliza 10 mil downloads, tem versão em inglês e está negociando com operadoras de saúde para apoiar planos de ticket mais alto para reduzir a sinistralidade em pronto-socorro. “Temos também chancela Secretaria de Turismo do Rio para atuar como parceiro oficial para atendimento a turistas durante a Olimpíada”, diz Corteze, que espera chegar ao fim do ano com 5 mil chamados mensais. As consultas custam a partir de R$ 200 reais, com possibilidade de parcelamento. O aplicativo foi integrado ao Uber para cálculo do valor do deslocamento do médico, acrescido ao valor da consulta.

O Dr. Vem! atua de forma similar. O serviço foi criado por Daniel Lindemberg, proprietário da M2G, criadora de um software de CRM para operadoras de planos de saúde e seguradoras. A proximidade do universo médico e a participação na Startup Health, organização norte-americana voltada a fomentar iniciativas de tecnologia aplicada à saúde, levou ao desenvolvimento de um sistema web que evita barreiras do download.

A primeira versão, lançada em janeiro com foco em pediatria, rendeu oito consultas. Em junho, incluindo geriatria e clínica geral, foram 200. A meta é colocar mais 14 especialidades na plataforma. As consultas custam a partir de R$ 150 e são agendadas com profissionais próximos. O pagamento é validado quando o médico fecha o atendimento, com envio de cópia do relatório para o paciente e seu médico. “Médicos que atendem em pronto-socorro, em transição de carreira ou com consultórios ainda sem fluxo compõem o perfil principal”, diz Daniel.

Fonte: Valor Econômico