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Batalha perdida

Publicado em 28/01/2016 • Notícias • Português

Os operosos assessores anônimos de Brasília fizeram saber que o ministro da Saúde, Marcelo Castro, está desgastado no governo. No cargo desde outubro, quando se licenciou do mandato de deputado federal pelo PMDB do Piauí, Castro acrescentou ao folclore da capital uma coleção de gafes políticas.

Na mais recente e embaraçosa delas, disse que o Brasil está “perdendo feio” a batalha contra o mosquito Aedes aegypti, o principal vetor das várias arboviroses que vêm acometendo o país.

Dias antes, afirmara que iria torcer para que mulheres contraíssem a febre zika antes de entrar na idade fértil, o que dispensaria o ministério de vaciná-las.

Num parêntese, cumpre dizer que a vacina ainda não existe. Pesquisadores começaram agora a elaborar planos para desenvolvê-la, o que não ocorrerá antes de dois ou três anos, no cálculo mais otimista.

Quando enveredou pela economia, o ministro, psiquiatra de formação, não se saiu melhor. Numa de suas primeiras declarações como titular da pasta, defendeu que a CPMF fosse cobrada tanto no débito como no crédito em conta corrente. Gabava-se de ter descoberto uma fórmula para arrecadar o dobro sem aumentar a alíquota.

Castro está longe de ser um caso isolado. Aliás, na comparação com sua chefe, a presidente Dilma Rousseff (PT), ele leva vantagem: suas declarações, embora politicamente desastrosas e tecnicamente discutíveis, ao menos não contrariam a biologia básica.

Dilma, quando abordou a zika em dezembro, disse uma série de desatinos. Pretendendo ser didática, a presidente, que já chamara o mosquito de vírus e a zika de vetor, atribuiu a transmissão da doença a ovos infectados por vírus e criou uma variante do inseto especializada em zika que permanece desconhecida da ciência.

A presidente jamais se notabilizou pela montagem de gabinetes de excelência. Mesmo quando gozava de alta popularidade e força política, não se empenhou em nomear para o primeiro escalão especialistas com notório saber nas respectivas áreas e projetos definidos de políticas públicas.

Desde que a prioridade única de sua gestão passou a ser evitar o impeachment, até pastas fundamentais como Saúde e Educação se converteram em moeda de troca no varejo partidário.

Não por acaso, o Palácio do Planalto fez saber que Castro, a despeito do falatório inconveniente, tem boa chance de permanecer na cadeira. Afinal, argumenta-se, é considerado um eficiente articulador de apoios no Congresso.

Fonte: Folha de S.Paulo

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