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Com modelo atual, SUS vai quebrar

Publicado em 27/07/2016 • Notícias • Português

O diretor do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Carlos Schoeller, acredita que o modelo atual adotado pelo SUS e planos de saúde levará ambos à falência. É insustentável, afirmou nesta terça-feira, no Conversas Cruzadas da TVCOM, o ex-secretário da Saúde no governo Paulo Afonso (PMDB).

O médico critica a falta de projetos de educação em saúde. Cita como exemplo um alcoólatra com cirrose que precisa de cirurgia. A maioria voltará a beber, mesmo após a operação. Pouco é feito para que ele não volte a beber. Estatísticas apontam que 60% retomam o vício. É ainda mais gasto em tratamento e internação. O investimento em hábitos saudáveis não acontece, são desprezados. Onde estão as políticas públicas para que se evite o cigarro ? E campanhas pelo uso do preservativo? Talvez no Carnaval, e olhe lá. Fumantes com complicações respiratórias, vítimas de câncer ocupam leitos de pacientes de cirurgias eletivas.

A aids, segundo o infectologista Antônio Miranda, é o principal problema de saúde pública catarinense. Muito custo com medicamentos e transmissão do vírus HIV. As novas gerações não viram seus ídolos morrerem. Não percebem o quanto a doença compromete a qualidade de vida dos pacientes, mesmo com o avanço medicamentoso. Faltam campanhas educativas e políticas públicas de prevenção. O ideal seria menos propaganda pirotécnica mostrando cidades e obras cenográficas, e mais propaganda de utilidade ao público.

O mesmo vale para os hospitais que ocupam grande parte dos leitos com motociclistas acidentados. Não seria mais coerente uma política que estabeleça como prioridade a redução das mortes nas estradas? Certamente a fila das cirurgias eletivas não andaria a passos de tartaruga. Carlos Schoeller aponta, ainda, que 80% dos exames solicitados são de resultado normal, desnecessários ou nem são vistos. Com as demissões, os planos perderam clientes, que passaram a sobrecarregar o SUS.

O gestor de planos de saúde Mozart de Oliveira Júnior diz que é preciso mudar o modelo para sobreviver. Identificar as necessidades reais dos pacientes, evitar abusos e instituir o prontuário integrado do paciente, onde o médico tenha informações independentemente de onde for o atendimento. E, claro, discutir o financiamento da saúde. O desafio é gigantesco.

Fonte: Diário Catarinense Online

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