Comércio com Brasil soma US$ 564 mi
Publicado em 28/03/2016 • Notícias • Português
Apesar da participação modesta no total movimentado pelo comércio exterior brasileiro, o comércio bilateral Brasil-Cuba ganhou volume expressivo nos últimos 12 anos, saltando de US$ 91,99 milhões em 2003 para US$ 564,2 milhões em 2015.
As exportações brasileiras para o país do Caribe aumentaram de US$ 91,99 milhões para US$ 513,6 milhões, enquanto as importações de produtos cubanos pelo Brasil passaram de US$ 22,38 milhões para US$ 50,7 milhões no período. O comércio exterior brasileiro somou US$ 362,58 bilhões em 2015.
O superávit comercial do Brasil tem sido uma constante histórica na relação entre os dois países e o incremento no total transacionado decorre da maior aproximação entre os dois governos a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre 2005 e 2009, os principais produtos da pauta de exportação brasileira para Cuba foram óleo de soja, frango, carne bovina e café.
Em 2009, as vendas desses produtos para a ilha atingiram cerca de US$ 150 milhões, valor correspondente a 54% da pauta. Em período mais recente, de 2010 a 2015, o Brasil agregou o milho a esse conjunto de commodities agrícolas. O cereal ultrapassou o café e passou ao quarto lugar na pauta brasileira para Cuba.
Em 2015, as exportações desses produtos para Cuba somaram US$ 241 milhões, mas sua participação foi reduzida para 46% da pauta, em função do aumento das vendas de máquinas e equipamentos, que ganharam maior peso no total exportado para Cuba nos últimos cinco anos. Em 2010, o Brasil vendeu US$ 13 milhões em colheitadeiras e tratores para Cuba. Em 2015, esse valor mais do que dobrou, atingindo US$ 28 milhões.
Já a pauta de importações brasileiras com origem em Cuba concentrou-se entre 2005 e 2009 em extrato de bílis animal para a indústria farmacêutica, cimento e frações de sangue, produto também utilizado na fabricação de medicamentos. Em 2009, esses itens somaram cerca de US$ 51 milhões, correspondendo a 96% do total de produtos cubanos comprados pelo Brasil.
A partir de 2012, o cimento deixou de ter relevância entre os produtos que o Brasil importou de Cuba. Entre 2010 a 2015, o extrato de bílis passou a dominar a pauta, com participação de 92%, seguido por cigarros e charutos, com participação de 6%. No ano passado, as importações dos três produtos atingiram um total de US$ 49 milhões.
“É uma pauta bem concentrada. A gente importa de Cuba aquilo em que os cubanos são bastante competitivos”, afirma Walter Antonio Desiderá Neto, pesquisador da diretoria de estudos em relações econômicas e políticas internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para o pesquisador, essa pauta reflete a estratégia de cooperação entre Brasil e Cuba na área da saúde, que inclui o programa Mais Médicos, criado em 2013, que trouxe cerca de 11 mil médicos da ilha para atendimento em áreas onde há carência desses profissionais, por meio de acordo intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Para Rubens Barbosa, ex-embaixador brasileiro em Washington e presidente do conselho de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), graças à proximidade política entre os dois países nos últimos anos, o Brasil tem uma posição muito boa em Cuba. Mas diz que não é fácil aumentar o comércio com a ilha.
“Não é um mercado livre, há toda uma regulamentação”, afirma Barbosa. É também um mercado pequeno, de cerca de 10 milhões de pessoas. Mas, a seu ver, as empresas brasileiras interessadas no mercado cubano devem fazer um trabalho de promoção comercial. “Tem que ir lá, falar com autoridades, a Câmara de Comércio e a embaixada brasileira para verificar em que áreas há interesse”, diz Barbosa.
Fonte: Valor Econômico