Como lidar com os dez desafios globais na educação médica
Publicado em 16/08/2023 • Notícias • Português
Os educadores na área da saúde e os alunos enfrentam no dia a dia muitos desafios para obtenção, consolidação e disseminação do conhecimento. A Associação Internacional de Educadores Médico-Científicos publicou um interessante artigo de Stewart Mennin, que analisa quais são os 10 maiores desafios globais:
1 – A pandemia impôs mudanças que se perpetuaram, como a substituição do presencial pelo on-line, em muitas instâncias. Mas no caso da educação médica, isso representou uma fragmentação de conteúdos e a redução de oportunidades para os encontros clínicos.
2 – A qualidade do ensino continua sendo um grande desafio, ainda mais depois da Covid-19. Muitas avaliações são agora on-line, provocando muitas discussões sobre sua validade e eficácia. O autor avalia que, mesmo existindo as salas temáticas on-line, as discussões em grupo foram afetadas.
3 – Ao mesmo tempo em que mudou significativamente nos últimos anos, a educação médica ainda conta com um corpo docente resistente a mudanças, em muitas instituições.
4 – Os profissionais de saúde são formados em um modelo que prioriza a prática independente e o treinamento em pesquisa também os direciona a serem investigadores independentes. Assim, a colaboração e o compartilhamento entre pares tornam-se difíceis.
5 – “Há muito a fazer, não há tempo suficiente e não há recursos suficientes. Este é um problema crônico que não vai desaparecer”, diz o autor. Ele ainda destaca que isso vale para o atendimento ao paciente, pesquisa, ensino e administração.
6 – O preconceito continua permeando os ambientes, seja em função de raça, gênero, idade, religião, região de procedência, entre outros. A equidade de gênero ainda está distante, pois os homens continuam dominando os papéis de liderança no meio acadêmico.
7 – A área da educação em saúde exige uma dedicação intensiva, que acaba esgotando muitos profissionais. Sem falar na necessidade de desempenhar múltiplas funções, como professor, pesquisador, clínico e gestor admnistrativo, entre outras.
8 – Um currículo integrado, que contemple as várias disciplinas e departamentos de uma instituição de ensino, também é uma meta que precisa ser buscada. Não basta integrar mais cursos ao currículo, tornando a transmissão de conhecimentos algo esmagador para alunos e professores.
9 – Ainda ocorre o conflito entre indivíduos e grupos nas instituições profissionais de saúde. O aprendizado precisa ser, cada vez mais, baseado na capacidade de aprendizagem do aluno.
10 – A capacitação continuada do corpo docente permanece deficiente. Muitos educadores não se envolvem na capacitação, quando é voluntária. Ou ainda, as oportunidades de reciclagem são isoladas, sem continuidade ao longo do tempo.
Baseado em Rittel e Webber (1973), Mennin chama esses desafios de “questões perversas”, ou seja, não se encerram com medidas simplistas, pois são sensíveis a várias condições ao mesmo tempo. Ele sugere, então, três abordagens para tornar essas questões gerenciáveis: investigação, padrões e ação adaptativa. Na linha investigativa, o autor sugere, por exemplo, transformar julgamento em curiosidade, afinal, esta leva ao aprendizado. Os padrões “perversos” não são estáveis, ressalta ele, pois envolvem relacionamentos humanos. Assim, é importante entender como as diferentes partes interagem no estabelecimento de padrões. Finalmente, ele ensina que a ação adaptiva nos ajuda a indagar e perceber o padrão em uma situação de problema “perverso” na educação médica.