Consumidores buscam serviço de saúde acessível.
Publicado em 11/07/2016 • Notícias • Português
Com a crise econômica, o aumento do desemprego afeta diretamente áreas que são consideradas como prioridade para as famílias, como a saúde. No último ano, 1,4 milhão de pessoas deixou de ter planos de saúde no Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em Goiás, 13 mil pessoas cancelaram seus planos de assistência médica no mesmo período. A saída encontrada pelas empresas para atrair novamente os clientes são planos mais baratos.
Uma das empresas de planos de saúde que atua em Goiás oferece o serviço por R$ 167 para mulheres de 20 a 30 anos. O plano tem cobertura para parto e possui preço mais baixo – R$ 144 – se a cliente trocar o quarto por enfermaria, em caso de internação. Para homens na mesma faixa etária ou mulheres que escolherem plano sem cobertura para parto, o valor pago cai para R$ 106 e até R$ 80 mensais. Outras restrições também podem abaixar ainda mais o preço. Por R$ 78 o cliente tem direito aos mesmos serviços dos valores anteriores, mas apenas em dois hospitais de Goiânia. Além disso, cobra-se R$ 20 por consulta, 15% do preço do total de exames especiais, 10% de procedimentos cirúrgicos e R$ 2,5 mil por procedimentos com custo igual ou maior a R$ 15 mil.
Além dos planos de saúde com valor menor, as clínicas com preços abaixo da média também são procuradas por pacientes que desejam fugir das filas do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos altos preços dos planos de assistência convencionais. Paulo Roberto administra o Instituto Goiano de Saúde (IGS), localizado no Setor Oeste, em Goiânia. De acordo com ele, o preço médio de consultas e procedimentos realizados na clínica é R$ 90. Os mesmos serviços prestados em outros estabelecimentos da capital que chegam a R$ 400. “Os preços variam muito em Goiânia, mas o nosso é um dos menores. Para conseguir realizar o mesmo serviço e cobrar o preço menor, o profissional precisa ter um perfil social, de preocupação com a população de baixa renda”, explica o administrador.
Maria de Lurdes, 54, é autônoma e faz consultas e exames na clínica desde o fim do ano passado. Ela nunca teve plano de saúde e sempre recorreu ao SUS quando precisou de atendimento médico. Entre os procedimentos realizados por Maria no IGS estão ultrassom e eletrocardiograma, além de consultas com cardiologista e clínico geral. “É mais barato que plano de saúde e o serviço é bem melhor que as unidades públicas. Já tentei fazer um plano de saúde, mas é muito caro, ainda mais para quem já passou dos 50”, avalia a paciente.
Proposta de planos mais baratos é discutida
Na última semana, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, defendeu a criação de planos de saúde com preços ainda menores, para aliviar os gastos do governo com o SUS. A declaração foi feita durante audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado. De acordo com Barros, os novos planos poderiam ter menos serviços do que os definidos pela ANS como cobertura obrigatória. O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Ronald Ferreira dos Santos, manifestou-se contra a proposta do ministro e afirmou que a saúde no Brasil “precisa de mais investimento no SUS”.
A mudança também é vista com preocupação pelo diretor de Mercado da Unimed Goiânia Cooperativa de Trabalho Médico, Sérgio Baiocchi Carneiro. “As empresas seguem todas as regras definidas pela ANS, mas se o paciente precisa de um procedimento que não está incluso no plano escolhido, ele recorre à Justiça, e geralmente ganha”, explica Carneiro. De acordo com o diretor, mesmo com mudanças na cobertura obrigatória determinada pela ANS, as empresas que oferecem assistência médica continuarão a ter prejuízo, e ainda maiores, em casos encaminhados à Justiça. “Vai desequilibrar as contas”, afirma Carneiro.
Mercado
Em Goiás, 1.098.664 pessoas possuem plano de assistência médica. Destes, 265.050 são individuais ou familiares e 830.499 são coletivos. De acordo com Carneiro, o mercado em Goiás está equilibrado, em comparação com o restante do País. O diretor explica que muitas empresas demitiram ou deixaram de oferecer benefícios aos empregados, por isso a quantidade de planos empresariais diminui, mas estes clientes voltaram aos planos de saúde em coberturas individuais ou familiares. No Brasil, quatro das dez maiores empresas de planos de saúde apresentaram queda na quantidade de beneficiários em maio em relação a abril. Em Goiás, três empresas registraram queda nos números no mesmo período. Os dados são da ANS.
Fonte: O Hoje.com