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Danielle Chu destaca a importância do equilíbrio de gêneros na alta hierarquia das empresas

Publicado em 13/05/2022 • Notícias • Português

General Manager para a América Latina da Penumbra, Inc., Danielle Chu possui experiência de mais de 20 anos em grandes empresas do segmento de tecnologia em saúde. Formada em Biomedicina pela Unisa, com MBA em Marketing pela ESPM, a executiva está há oito anos na atual empresa, e há dois assumiu o cargo que a coloca diante da responsabilidade de gerir uma extensa área, que abrange os países de toda a região LATAM. Nesta entrevista, ela fala sobre sua atuação como executiva de uma multinacional do segmento de medical devices e sobre outras questões que envolvem o universo feminino. 

Gostaríamos de começar falando sobre seu atual cargo, como general manager de América Latina da Penumbra. De modo geral, quais são suas principais responsabilidade neste posto?

Há dois anos, assumi o cargo de gerente-geral da Penumbra para América Latina, mas estou na empresa há quase oito. Tive a oportunidade de abrir a filial no Brasil e hoje tenho como responsabilidade vendas, marketing e back-office Penumbra LATAM. A Penumbra é uma empresa de medical devices, com matriz na Califórnia, na cidade de Alameda. Uma empresa que tem um foco muito grande no tratamento do AVC, pois foi assim que nós começamos. Hoje trabalhamos em diversas áreas com produtos para o tratamento de trombose arterial, venosa e inclusive trombose pulmonar. Temos ainda outras divisões, continuamos expandindo o portfólio, mas nosso principal foco no Brasil ainda é o tratamento do AVC isquêmico. O escritório fica em São Paulo, mas temos representação sobre uma extensa região, que inclui o México, toda a  América Central e o Cone Sul. 


Quantas pessoas estão mais diretamente ligadas à sua coordenação?

São 15 pessoas no total e que trabalham nas áreas que citei, de marketing, vendas, finanças, regulatória e de qualidade. 


Em sua área de atuação, como se configura hoje o cenário para as lideranças femininas? 

Dentro da Penumbra é um cenário muito interessante, porque 55% dos executivos são mulheres. A nossa presidente internacional é uma mulher, a presidente da Europa também, e temos a gerência geral da Ásia Pacífico e aqui na Latam comandadas por mulheres. A Penumbra é muito aberta à diversidade, tem essa preocupação com a inclusão. Eu me vejo como privilegiada de trabalhar em uma empresa com essa cultura, pois quando observo meus concorrentes percebo que o mercado de medical devices não funciona dessa forma, principalmente na América Latina, que ainda é um mercado muito conservador e onde os líderes, em geral, são homens.  A gente vê isso mudando, obviamente. E eu acredito que isso é uma tendência, um processo que não vai acontecer de um dia para o outro, vai levar um tempo. Eu entendo que as mulheres têm a grande vantagem de serem multitarefas. É um perfil da maioria de nós e, como líderes, temos a habilidade de lidar com várias responsabilidades e priorizar cada uma delas no momento oportuno, de uma forma tranquila, de maneira que as coisas evoluam positivamente em termos de resultados.


Historicamente, as mulheres foram de algum modo preteridas em promoções na escala hierárquica. Você acredita que este cenário mudou ou ainda pode ser percebido nas organizações?

É interessante esse comentário, porque, no meu caso, que viajo bastante, porque é uma região extensa, e sempre me perguntam: “Você tem filhos, então como é que consegue viajar e conciliar sua vida familiar e profissional”. É uma pergunta que eu recebo sempre, mas nunca vi um colega meu, homem, passar por isso. Ainda existe um cenário muito conservador, muito machista, em que a mulher acaba arcando com a responsabilidade de coordenar e equilibrar o lado familiar com o lado profissional. No entanto, eu enxergo que, hoje, o pai e a mãe têm as mesmas responsabilidades na criação de um filho. Tem que existir essa divisão em casa. Posso dizer que, pessoalmente, eu tenho sucesso na minha carreira porque consegui encontrar esse equilíbrio dentro de casa. Tenho um marido muito presente, que divide muito bem as tarefas e responsabilidades familiares. É uma questão de encontrar esse equilíbrio na vida. Então quando um homem me faz essa pergunta eu devolvo a questão: como é que você faz para conciliar sua vida de viagens e de trabalho com a criação dos seus filhos? Eu vejo que ainda existe uma barreira, mas a geração mais jovem já se coloca de uma forma diferente, existe essa divisão de responsabilidades. Mas acho que principalmente na América Latina ainda tem um cenário muito machista.


Você já viveu algum tipo de situação desafiadora, em que houve questionamento sobre a sua capacidade em razão do gênero?

Aqui na Penumbra, eu não tenho memória de ter enfrentado alguma situação de um preconceito direto, seja pelo fato de ser mãe ou de ser mulher. Mas já vivi, em outra multinacional, não como líder, mas em cargo gerencial, uma situação de ser questionada sobre as minhas condições de abraçar uma responsabilidade maior. Então tive que me colocar de uma forma mais firme nessas situações. Eu acho que você tem que dar oportunidade antes de questionar alguém se é possível ou não abraçar aquele desafio. Cabe a mim, como profissional, ter essa resposta se estou em condições ou não.


Como foi para a Penumbra esse período da pandemia? Houve um aumento na demanda pelo tipo de equipamentos que a empresa fornece?

Para nós, a pandemia mexeu bastante na dinâmica de como fazer negócios. Houve um aumento, sim, nos casos de AVCs e tromboses. O paciente que tem o vírus da Covid-19 pode apresentar distúrbios de coagulação, aumentando o risco de trombose. Houve uma demanda maior do nosso material, mas conseguimos gerenciar de forma tranquila, não tivemos problemas no fornecimento e nem no serviço em si. Conseguimos gerenciar muito bem esse aumento de demanda e não foi traumático. 


Um estudo da FGV revelou que as empresas que contam com uma mulher na alta administração têm melhores notas em índices ESG, nos aspectos ambiental e social. Em sua opinião, a que se deve esses resultados?

Acho que pelo fato de a mulher ter uma sensibilidade diferenciada, é parte do nosso gênero. Então quando abordamos uma questão ambiental ou social temos, em nossa essência, uma preocupação maior de conciliar essas questões, dando a devida importância que elas têm. 


Há algum projeto nesse sentido na Penumbra atualmente?

A Penumbra vem mudando a sua cultura, porém ainda temos uma dependência muito grande dos projetos que são implementados na matriz, mas é algo que vejo como uma necessidade, por isso tenho tentado trazer alguns projetos que sejam independentes de uma diretriz da matriz e que façam sentido para a América Latina. Contratamos há pouco uma consultoria com este objetivo.  


Vivemos também um momento de transformação digital. Quais são os desafios das lideranças para gerir negócios inovadores no setor da Saúde?

A Penumbra tem um braço que começou a ser desenvolvido um pouco antes da pandemia, que lida com Realidade Virtual na reabilitação de pacientes que tenham sofrido um AVC. 

REAL y-Series é uma tecnologia avançada de reabilitação usando realidade virtual (VR) que oferece atividades terapêuticas desenvolvidas com contribuição de especialistas em reabilitação. 

O REAL System utiliza a realidade virtual imersiva para transportar os pacientes para um mundo imaginativo de atividades que expandem os exercícios de terapia tradicional e as atividades da vida diária em um ambiente divertido. Os pacientes são transportados para um mundo virtual colorido e envolvente que os ajuda a se concentrar na reabilitação em uma experiência divertida de 360 graus

Trata-se de um equipamento que, através de uma tecnologia tridimensional, possibilita acelerar o processo de reabilitação. Por enquanto disponível apenas nos Estados Unidos e não é algo que chegue a América Latina em um curto prazo, mas a inovação é algo presente e certamente teremos acesso a essa tecnologia, que estará totalmente associada ao AVC, o nosso core business.


Vocês gostaria de acrescentar algo?

Apenas agradecer o trabalho que a ABIMED vem fazendo no sentido de destacar a relevância de ter uma diversidade dentro das empresas, e a importância da gestão de feminina. Ainda vivemos em uma região muito machista, mas aos poucos estamos mudando e é fundamental que cada um faça o seu papel.  

Fonte: ABIMED

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