Debate promovido pela ABIMED discutiu os desafios e novas tecnologias para tratamentos oncológicos
Publicado em 05/12/2022 • Notícias • Português
Em 18 de novembro, a Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED) promoveu o evento “Cores pela Vida”, que discutiu importantes questões ligadas às doenças oncológicas, alvos das campanhas de conscientização Outubro Rosa, Novembro Azul e Dezembro Amarelo, respectivamente relacionadas ao câncer de mama, de próstata e de pele.
Na abertura, Jeancarlo Gorinchteyn, médico, professor de infectologia e secretário de Saúde do Estado de São Paulo ressaltou as ações realizadas pelo governo paulista a partir do represamento de consultas e diagnósticos em função da pandemia, o que levou a um aumento nos índices de tumores diagnosticados. Destacou a implementação de 62 ambulatórios médicos de especialidades (AME) oncológicas, a realização de mais 200 mil exames para diagnóstico de câncer, o fortalecimento da Rede Hebe Camargo, que hoje conta com 95 laboratórios, e a implementação de mamógrafos em cidades com menos de 20 mil habitantes. “O grande desafio é proporcionar atendimento regionalizado para as pessoas, evitando os grandes deslocamentos”, avaliou Gorinchteyn.
O primeiro painel do evento teve o tema: “A importância da atuação de diferentes atores sociais no Brasil para conscientização, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de pacientes com câncer”. Contou com a participação dos seguintes especialistas: Alexandre Gonçalves Campolina, coordenador do Laboratório ATS do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP); Joaquim M. Motta Leal Filho, presidente da Sobrice (Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular); Mauro Junqueira, secretário Executivo Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS); e Rodrigo Nascimento Pinheiro, médico oncologista do Instituto de Câncer (ICB). A moderação ficou a cargo de Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da ABIMED.
“Um dos problemas com os quais a oncologia deparou-se ao longo dos anos foi o aumento de custos para os tratamentos”, avaliou Campolina. Os sistemas utilizados pelos gestores para avaliar a eficiência econômica da implantação da tecnologia são transparentes e confiáveis, porém altamente técnicos e dificultam o debate, segundo o coordenador.
168 milhões de brasileiros dependem do SUS
Motta Leal Filho lembrou que, por vezes, “não há a realização de biópsia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que torna o diagnóstico das neoplasias demorado”. O médico destacou a efetividade do diagnóstico com imagem na oncologia, aliado com métodos menos invasivos (sem bisturis). Nascimento Pinheiro, por sua vez, apontou a importância de se evitarem fatores de risco, como obesidade, tabagismo e sedentarismo. “É preciso prevenir, diagnosticar, tratar, reabilitar e confortar o paciente, caso o tratamento não funcione como se espera. É importante o profissional seguir esse caminho, pois existem muitas dificuldades no tratamento oncológico, que vão desde a canibalização de recursos até a fragmentação de cuidados e saberes”, relatou o médico.
Ao final do painel, Junqueira discorreu sobre os problemas de financiamento da área da saúde, em especial do Sistema Único de Saúde (SUS). “Independentemente do governo, aplicamos sempre 3,8% do PIB em saúde. São 168 milhões de brasileiros que possuem o SUS como único plano de saúde, mais aqueles que são atendidos pelo sistema e não sabem. São cerca de R$ 5,08 por pessoa. Há um grave problema de subfinanciamento no sistema”, diagnosticou.
O segundo painel, com o tema “A tecnologia fazendo a diferença no combate ao câncer no Brasil”, contou com a presença do dr. João Manzano, urologista especializado em prostatectomias robotizadas, e dr. Paulo Schiavom Duarte, médico nuclear do ICESP. A mediação foi de Felipe Carvalho, gerente regional da ABIMED em Brasília.
Manzano discorreu a respeito das cirurgias oncológicas realizadas na urologia, uma vez que o tumor de próstata atinge entre 65 mil e 67 mil pacientes no Brasil, sendo o segundo tipo de neoplasia que mais acomete os homens e o que mais leva a óbitos. Ele apontou que o acesso à tecnologia robótica ainda é limitado: “Atualmente, é quase exclusividade da iniciativa privada, devido ao alto custo de implementação. Os valores das pinças cirúrgicas, por exemplo, oscilam entre 700 e 3.200 dólares por cirurgia”.
Schiavon apresentou as tecnologias de radioterapia Pet Scan e a utilização de radiofármacos, os marcadores/contrastes radioativos uados para a realização do diagnóstico. “Esses radiofármacos auxiliam na definição do tipo de radioterapia e no delineamento do alvo, tornando possível um tratamento mais direcionado”, declarou o médico.
Os palestrantes foram unânimes em suas avaliações sobre a importância do incentivo para maior desenvolvimento tecnológico no Brasil. Segundo eles, o desenvolvimento nacional poderia baratear custos. Quebra de patentes, capacitação correta e melhor utilização de recursos foram outros pontos destacados pelos profissionais.