Dengue sobe 84% em 7 dias
Publicado em 29/02/2016 • Notícias • Português
Quase 4 mil pessoas contraíram dengue no Distrito Federal em 2016. O número diz respeito aos casos registrados pela Secretaria de Saúde até sexta-feira. Ele representa um aumento de 352% em relação à quantidade dos dois primeiros meses de 2015. Ainda comparando o primeiro bimestre dos dois anos, o número de doentes subiu em 26 das 31 regiões administrativas. Em 2016, houve, ainda, a notificação de 13 casos de dengue grave — forma hemorrágica da doença. Nove pessoas morreram, sendo cinco pacientes do Entorno. Os dados constam do mais recente Boletim Epidemiológico.
Só na última semana do balanço, que traz os casos registrados entre 17 e 24 de fevereiro, 316 pessoas ficaram doentes pela infecção transmitida pelo Aedes aegypti. Um crescimento de 84% de uma semana para a outra. Brazlândia, com 695 pacientes, continua liderando o preocupante ranking. Ela vem seguida de Ceilândia (385), São Sebastião (363), Taguatinga (296), Samambaia (260) e Planaltina (258).
Juntas, as sete cidade respondem por 64% (2.257) do total (3.977) de infecções registradas em 2016 no DF. A maior incidência da doença ocorre em Brazlândia, onde a dengue atinge 1.072 pessoas a cada 100 mil habitantes. Depois, aparece São Sebastião, local em que a contaminação atinge 382 pessoas por grupo. As duas cidades vivem situação de epidemia, segundo o documento.
Das infecções registradas, 458 são de moradores de cidades goianas do Entorno. Águas Lindas (158), Luziânia (87), Padre Bernardo (66), Santo Antônio do Descoberto (40) e Cidade Ocidental (36) são os municípios que mais tiveram doentes atendidos na rede pública do DF. Outros três registros correspondem aos estados de Tocantins, Rondônia e Minas Gerais.
Recorde histórico
Para o especialista em doenças infectocontagiosas Eduardo Espíndola, a dengue tem crescido em escala anormal na capital do país. “A doença está avançando mais rápido do que o esperado. O período de incidência vai até maio. Se continuarmos neste ritmo, vamos bater o recorde de casos na história da cidade”, alerta.
Todos os sorotipos de dengue circulam no DF. A variante 1 representa 62,5% dos registros; a 2, 29,1%; a 3, 2%; e a 4, 6,2%. O sistema imunológico do corpo humano se defende de apenas uma variação do vírus, ou seja, quem contraiu dengue 1 só pode ter novamente a doença se for causada pela 2, 3 ou 4. Para se chegar ao índice, o Laboratório Central (Lacen-DF) analisou 228 amostras e isolou 48 para estudo.
Controle
Ontem, 16 regiões administrativas passaram por ações de combate ao Aedes aegypti. A intenção da Secretaria de Saúde é melhorar o número de casas vistoriadas no DF — 43,8% dos domicílios não receberam inspeção, segundo o mais recente balanço Ministério da Saúde. O índice está abaixo da recomendação da autarquia federal, que é de vistoriar 100% das casas até amanhã. Cerca de 406.804 imóveis de 930.622 ainda não tiveram possíveis focos extintos. A meta do Executivo local é romper a barreira de 90% de monitoramento.
Na Estrutural, 47 pessoas contraíram dengue. Grávidas, as vizinhas Cleana Marques, 26 anos, e Cláudia Carmo, 16, fazem parte da estatística. “Na época, não sabia da gestação. Fui ao posto de saúde e me orientaram a tomar paracetamol e muito soro”, contou Cleana. “Fiquei internada por três dias e, depois, terminei o tratamento em casa”, comentou Cláudia. Segundo números preliminares, a Secretaria de Saúde vistoriou 1,5 mil casas na cidade, nascida de uma invasão de catadores de produtos recicláveis. O balanço consolidado deve ser divulgado amanhã.
Chicungunha e zika vírus ficam de fora
O mais recente Boletim Epidemiológico não traz os casos de chicungunha e zika vírus. “Devido à indisponibilidade no banco de dados do Sistema Nacional de Notificação de Agravos (Sinan), do Ministério da Saúde, os dados atualizados sobre o zika vírus e a febre chicungunha só serão divulgados no próximo informe”, explica nota divulgada pelo GDF. O Executivo local cancelou a divulgação dos dados após problemas ligados ao Sistema de Notificação de Agravos (Sinan), do Ministério da Saúde, que contabiliza o número de doentes. Outros sete unidades da Federação registraram as mesmas falhas. A autarquia federal negou os problemas.
Áreas de risco
Confira as 10 cidades do DF que registraram maior crescimento de casos
de dengue em 2016, com base em notificações feitas até 24 de fevereiro.
Cidade — 2015 — 2016 — Variação
» Brazlândia — 20 — 695 — 3.375%
» Fercal — 1 — 24 — 2.300%
» Samambaia — 14 — 260 — 1.757%
» São Sebastião — 21 — 363 — 1.628%
» Estrutural — 5 — 47 — 840%
» Núcleo Bandeirante — 4 — 37 — 825%
» Itapoã — 10 — 91 — 810%
» Riacho Fundo 1 — 5 — 41 — 720%
» Ceilândia — 49 — 385 — 685%
» Taguatinga — 38 — 296 — 679%
Fonte: Secretaria de Saúde do DF
Fonte: Correio Braziliense