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Escolas não vão mais receber refrigerantes.

Publicado em 27/06/2016 • Notícias • Português

As gigantes de bebidas Ambev, Coca-Cola Brasil e Pepsico anunciaram, ontem, mudanças no portfólio de bebidas fornecidas para escolas no país. A partir de agosto, as companhias passarão a vender nas escolas apenas água mineral, suco com 100% de fruta, água de coco e bebidas lácteas. Saem da lista de distribuição refrigerantes e refrescos.

A ação será voltada a escolas para estudantes de até 12 anos de idade, ou com maioria de crianças até essa idade. As companhias informaram que a mudança leva em conta “diretrizes de associações internacionais de bebidas” e faz parte dos esforços para o combate à obesidade infantil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,3% das crianças com idades entre 5 e 9 anos no Brasil são obesas.

Claudia Lorenzo, vice-presidente de relações corporativas da Coca-Cola Brasil, disse que não houve pressão de consumidores ou órgãos públicos para deixar de vender refrigerantes nas escolas. “A obesidade infantil não tem uma causa só. As três empresas líderes de mercado entendem que devem fazer parte da solução”, disse.

Na semana passada, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei do deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), que proíbe a venda de refrigerantes nas escolas de educação básica, públicas e privadas. O projeto será examinado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e depois segue para votação em plenário.

Em países como Reino Unido, França, México e Chile, a venda de refrigerantes nas escolas já é proibida. A quantidade de açúcar contida em uma lata de 355 ml de refrigerante gira em torno de 36 gramas, uma quantidade que extrapola o volume máximo diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 25 gramas.

A decisão não foi comercial, afirmou Claudia. A Coca-Cola Brasil distribui refrigerantes diretamente para cerca de 4 mil escolas. “É óbvio que toda venda é importante e todo canal de distribuição importa. Mas o que não se vende também conta. As pessoas buscam cada vez mais empresas que sejam ambiental e socialmente responsáveis”, disse.

A Ambev, que distribui o Guaraná Antarctica e os refrigerantes da Pepsico, afirmou que a decisão não foi baseada em números e perspectivas de vendas. “Nosso objetivo é contribuir para uma alimentação mais equilibrada no momento em que crianças com menos de 12 anos de idade não estão acompanhadas de seus responsáveis”, disse a empresa.

A ação das companhias vai valer para escolas que compram diretamente das fabricantes e de seus distribuidores. Escolas que compram em outros pontos de venda serão alvo de uma ação de sensibilização, segundo as companhias. A Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir) trabalha em conjunto para tentar envolver outros fabricantes.

De acordo com dados do Ministério da Educação, existem no Brasil 27,8 milhões de crianças matriculadas no ensino fundamental. Desse total, 15,7 milhões têm idade inferior a 10 anos. Do total, 18% estão em escolas privadas e 82% em escolas públicas. Ao todo, existem no país em torno de 200 mil escolas de ensino fundamental.

A mudança tira das empresas um canal importante na distribuição de refrigerantes, no momento em que a categoria apresenta retração. Dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, indicam uma queda de 3,7% na produção de refrigerantes no país, no acumulado entre os meses de janeiro e maio, para 5,84 bilhões de litros.

O fim da venda de refrigerantes nas escolas pode ajudar a estimular as vendas de sucos, uma categoria que no ano passado registrou queda de 3,7% em vendas no país, por conta da crise econômica, de acordo com a Nielsen.

Fonte: Valor Econômico

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