Indústrias de ponta são mais penalizadas
Publicado em 08/04/2016 • Notícias • Português
Nada evidencia melhor quanto tem sido profundo e danoso para o País o processo de encolhimento do setor industrial do que a queda vertical do desempenho dos segmentos que utilizam tecnologia mais intensamente.
Enquanto a indústria de transformação–não considerando o setor mineral – teve um recuo de 9,9%% em 2015 em relação ao 2014, as indústrias nas quais o uso de tecnologia é mais elevado–produtos farmacêuticos,informática,produtos eletroeletrônicos, equipamentos de comunicação,aparelhos de precisão– sofreram um redução na produção de 19,8%, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) É a primeira vez que isso ocorre desde 2002, diz o Iedi, assinalando que houve setores–como o de informática– nos quais a queda foi muito mais acentuada do que a média,chegando a 42,7%. Outro dado impressionante: de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee),a produção física do setor caiu 21% em 2015, sendo que só a área de eletrônica registrou retração de 30%.
Isso, evidentemente, resulta da queda da demanda, pois, com menos renda para gastar em razão do desemprego e do temor de perder o emprego,o consumidor ficou cauteloso.
Outro fator decisivo foi o fato de as indústrias de média e alta tecnologia terem deixado de investir, por causa da falta de confiança que paira sobre a sociedade brasileira.
O câmbio pesou, com uma desvalorização do real de 47% em 2015, gerando um sensível aumento de preço de bens importados ou de produtos que fazem uso de insumos importados.O câmbio também tornou mais dispendiosa a importação de equipamentos. O custo de produzir no Brasil ficou muito caro também por causa do aumento de 50,3% nas contas de energia elétrica.
Nesse cenário, chama a atenção o descompasso que se verificou na indústria farmacêutica. O volume de medicamentos vendidos no atacado e no varejo aumentou 7,3% em 2015, sempre em comparação com o ano anterior.A produção interna,porém, recuou 12,2%. Segundo a Sindusfarma, os medicamentos de maior preço podem ter sido substituídos por importados, já que o seu custo interno de produção se revelou mais elevado.
Esta crise não é apenas econômica.
É também política. Com a continuidadeda recessão, sem que se restaure a confiança a partir de sinais claros de que o governo governa, tudo tende a continuar, se não piorar
Fonte: O Estado de S.Paulo