Inflação surpreende,acelera com saúde e alimentos e vai a 0,61%
Publicado em 11/05/2016 • Notícias • Português
A inflação registrada em abril acelerou acima do esperado, apesar do cenário de desemprego e queda de salários. Fatores alheios à crise econômica puxaram para cima o índice que registrava desaceleração havia dois meses.
Pressionado pela alta de remédios, serviços de saúde e alimentos,o índice oficial de inflação do país, IPCA, atingiu 0,61% em abril. A taxa ficou acima do verificado em março (0,43%).
A recessão tem mudado o padrão de consumo dos brasileiros a ponto de pressionar para baixo o preço de determinados produtos e serviços.
“Há produtos, porém, que têm uma demanda que não muda muito, como remédios e alimentos, independentemente da crise”, diz o economista Fábio Romão, da LCA.
Remédios para hipertensão e colesterol,por exemplo, subiram 6,67% em abril. As altas vieram após autorização de reajuste de 12,50%para remédios em geral, dada pela Anvisa em 1º de abril.
Na parte de alimentação, subiram itens importantes da dieta do brasileiro, como batata-inglesa (13,13%). Os alimentos são muito sensíveis às condições climáticas.O fenômeno El Niño, por exemplo, tem causado chuvas abundantes e prejudicado determinadas culturas.
DESACELERA Apesar de alta mais forte que o esperado,a inflação melhora na comparação com 2015, ano em que os brasileiros conviveram com escalada de preços de luz e dos combustíveis. Em abril do ano passado, o IPCA esteve em 0,71%, 0,1 ponto percentual mais baixo que o do mês passado.
Nos 12 meses encerrados em abril, a inflação atingiu 9,28%, menos que o registrado em março (9,39%), fevereiro (10,36%) e janeiro (10,71%) deste ano.
Embora os dados mostrem a inflação cedendo aos poucos,aqueda parece insuficiente para levá-la ao teto da meta, de 6,5% ao ano.
“Abril teve uma inflação incômoda, mas não acredito que a alta seja uma reversão de tendência”,diz Romão, da LCA. Um indicador de desaceleração é o chamado índice de difusão ou dispersão, que mede quantos dos 313 itens pesquisados tiveram alta de preços maior no mês.
Estava em 69,4% em março e caiu para 66,8% em abril.
Fonte: Folha de S.Paulo