Inteligência Artificial na Saúde: Tecnologia como Ferramenta para Eficiência e Qualidade
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Publicado em 27/02/2025 • Notícias • Português
A Inteligência Artificial já é uma realidade na saúde, impulsionando eficiência e qualidade, mas ainda enfrenta desafios como regulação, interoperabilidade e viabilidade econômica. Especialistas destacam a necessidade de estratégias integradas para maximizar seu impacto no setor
A disseminação do conhecimento e a capacitação dos profissionais são essenciais para o avanço da inovação no setor de saúde. O eixo estratégico de Educação da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed) reforça essa necessidade ao promover iniciativas voltadas à qualificação técnica e acadêmica dos colaboradores das associadas e demais interessados. Ciente da importância de acompanhar tendências e debater o impacto de novas tecnologias, a Abimed participa ativamente de eventos e discussões sobre inovação, como a recente palestra que trouxe a Inteligência Artificial (IA) como tema central.
Fernando Silveira Filho, Presidente Executivo da Abimed, destaca que a IA já é uma realidade na área da saúde e tem sido amplamente utilizada no desenvolvimento de dispositivos médicos e na otimização de processos. No entanto, ele alerta para a necessidade de uma regulação adequada, que equilibre inovação e segurança. “Ainda há muitas questões em aberto, como a validação dos algoritmos e a responsabilização em casos de erro. Precisamos de um ambiente regulatório que incentive a modernização sem criar barreiras excessivas para o setor”, afirma.
A falta de interoperabilidade entre sistemas também é um entrave para o pleno aproveitamento da IA. Fernando Torelly, Superintendente Corporativo e CEO do HCor, ressalta que o problema não está na tecnologia em si, mas na estrutura do modelo de negócios. “Os bancos fazem transações instantâneas, mas no setor de saúde ainda há obstáculos que dificultam o compartilhamento de informações entre hospitais. Isso impacta diretamente a qualidade do atendimento e a eficiência operacional”, explica.
Além da necessidade de integração entre sistemas, Torelly reforça que a digitalização da saúde precisa ser acompanhada por mudanças culturais nas instituições. “A tecnologia deve ser uma aliada do profissional e do paciente, e não um obstáculo. Hoje, muitos médicos ainda gastam mais tempo preenchendo prontuários do que interagindo com seus pacientes. A IA pode ajudar a mudar essa realidade, mas precisa ser implementada de forma estratégica”, avalia.
Lilian Hoffman, especialista em inovação e saúde digital, destaca que, apesar da ampla adoção da IA em diferentes frentes, ainda há uma fragmentação nos esforços das instituições. “Muitas vezes, cada hospital ou operadora vai resolver seu problema isoladamente. Se trabalhássemos juntos, o setor poderia evoluir muito mais rápido”, afirma. Para ela, o momento atual é de experimentação, com ganhos visíveis em produtividade, mas ainda sem uma visão estratégica consolidada.
A perspectiva econômica da IA também foi debatida por Natália Cuminale, jornalista especializada em saúde e inovação, que destacou o impacto financeiro da adoção dessa tecnologia. Para ela, um dos grandes desafios está na priorização dos investimentos. “O setor de saúde lida com restrições orçamentárias significativas. Por isso, a decisão de adotar uma nova tecnologia, como a IA, precisa ser embasada não somente na inovação, mas também na viabilidade financeira e no retorno para pacientes e instituições”, pontua.
Outro ponto relevante levantado durante a discussão foi a relação entre inovação e custo. Silveira Filho ressalta que a principal questão para muitas instituições não é o desinteresse na IA, mas sim sua viabilidade econômica. “Precisamos olhar para o retorno sobre o investimento (ROI). A IA pode ser um diferencial para melhorar a eficiência e reduzir desperdícios, mas sua implementação precisa ser sustentável e estratégica”, conclui.
A discussão aconteceu durante um evento no novo centro de experiência do cliente da Baxter, reforçando a importância de espaços que aproximam inovação e prática clínica no setor de saúde.