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Ministério lança protocolo de acompanhamento dos casos

Publicado em 05/01/2016 • Notícias • Português

O Ministério da Saúde lançou ontem um protocolo de acompanhamento clínico dos casos de microcefalia e de atendimento a gestantes com suspeita de contaminação pelo vírus zika. A medida foi tomada dez dias depois ficar confirmado que o aumento no número de bebês com problemas neurológicos está associado à infecção pelo vírus. A informação só começou a aparecer nos boletins epidemiológicos do ministério na segunda quinzena de novembro.

O “Protocolo de Atendimento às Mulheres em Idade Fértil, Gestantes e Puérperas e Recém-Nascidos com Microcefalia” estabelece uma série de ações a serem seguidas pelos profissionais de saúde sobre as medidas de assistência, confirmação e tratamento dos casos suspeitos de microcefalia.

O primeiro boletim a notificar a contaminação autóctone em território nacional indicava que a doença já estava presente em 18 Estados, mas não mencionava o número de casos. O último boletim, com dados até 30 de novembro, ainda não incluía informações sobre o número de contaminações pelo vírus. As informações sobre os casos de microcefalia, porém, são consideradas alarmantes, na avaliação dos especialistas. Já foram notificados neste ano 1.761 casos de recém-nascidos com microcefalia em 13 Estados e no Distrito Federal, sendo que 19 bebês morreram.

“Podemos estar vivendo um impacto maior do que o da talidomida”, diz Pedro Tauil, médico epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB), comparando os caso de microcefalia ao nascimento, no fim da década de 50, de milhares de bebês com Focomelia, síndrome que leva ao encurtamento dos membros superiores, provocada pelo medicamento.

O ministério criou uma força-tarefa com 19 órgãos do governo. Está tentando apoiar Estados e municípios principalmente no combate ao mosquito. Nos dois documentos do ministério, porém, entre as oito atividades relatadas para combater as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, nenhuma mencionava o vírus zika. Toda a ênfase do ministério recaía sobre a dengue e a febre chikungunya.

Para os pesquisadores, as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti não são doenças da pobreza ou negligenciadas. São doenças urbanas. O mosquito elege um ambiente mais propício para sua reprodução -caixas d’água no Nordeste e em comunidades de baixa renda, ou vasos de planta de São Paulo. “Cerca de 80% dos criadouros estão dentro das casas das pessoas”, afirma a bióloga Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz.

De acordo com a bióloga, o zika entrou no Brasil em maio deste ano, depois de ficar muito tempo restrito a regiões da África e da Ásia. Somente agora, depois da ocorrência dos casos de microcefalia, a doença passou a ser de notificação obrigatória ao sistema de saúde pública.

Fonte: Valor Econômico

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