Mudanças no currículo de Medicina devem ampliar uso de tecnologias
Publicado em 18/09/2023 • Notícias • Português
A formação dos médicos no País está no radar do Governo Federal. Em 2022, foram 26 mil novos profissionais no mercado, segundo o Conselho Federal de Medicina. Recentemente, o Ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo prepara uma portaria interministerial que deverá trazer mudanças ao currículo de formação em Medicina. As alterações devem englobar a digitalização, o uso de tecnologias e as mudanças na sociedade.
O anúncio reacendeu as discussões em torno do currículo dos cursos de Medicina e qualidade de formação dos profissionais. A versão atual das diretrizes curriculares completa dez anos em 2023 e muitos especialistas apontam que precisa passar por revisão, dados os avanços que ocorreram nesta década.
Uma pesquisa da consultoria Deloitte com 228 médicos no Brasil indicou que as principais mudanças almejadas estão ligadas à capacitação sobre empreendedorismo e negócios, apontada por 55% dos respondentes, e o desenvolvimento de habilidades para trabalhar em equipe (50%). Também apareceram competências relacionadas ao uso de dados (44%) e o treinamento em novas tecnologias (43%).
Acredita-se, portanto, que o reconhecimento da tecnologia como aliada ao ensino deverá será uma das mudanças que estarão nas novas diretrizes. A utilização, por exemplo, de bonecos de alta resolução permite que o alune refine as habilidades necessários para o cuidado com os pacientes, por meio de simulações que podem ser repetidas e analisadas minuciosamente. Há instituições que disponibilizam até mesas de dissecação em 3D e metaverso com avatares que se reúnem em torno de um paciente virtual, para discussão do caso.
Os alunos precisam ser preparados para manejar uma realidade cada vez mais presente na área da saúde, como soluções de Inteligência Artificial, Big Data, IoT, robotização, entre outros. A formação digital já é uma grande necessidade, não porque a IA vá substituir o médico, mas porque ele deverá ter os soft skills necessários para comandar as decisões. A capacidade de tomar as melhores resoluções, utilizando o conhecimento científico de forma crítica e analisando as evidências, são diferenciais cada vez mais bem-vindos no exercício da Medicina.
Patricia Zen Tempski, livre docente em Educação na Saúde da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Centro de Desenvolvimento de Educação Médica (CEDEM), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), afirma que o currículo é mais do que uma grade de matérias. Trata-se de um documento ideológico, social e de intenções que define como o estudante viverá o processo educacional. “Me mostre o seu currículo e te direi quem és. Essa é a nossa máxima. O currículo é a base de tudo na formação”.