No azul, Hospital Santa Cruz planeja expansão
Publicado em 24/05/2016 • Notícias • Português
Após uma reestruturação que levou cerca de três anos, o Hospital Santa Cruz, de São Paulo, inicia um projeto de expansão para dobrar de tamanho. A ampliação deve demandar investimentos de cerca de US$ 60 milhões, que podem vir do Japan Bank for International Cooperation (JBIC), banco de fomento do Japão. A estruturação desse financiamento poderá ter ajuda de trades como Mitsui, Itoshi e Sumitomo. O Santa Cruz foi fundado por imigrantes japoneses em 1939.
O Japan Bank é uma das várias parcerias que o Santa Cruz está firmando com grupos empresariais, universidades e governo do Japão. Entre eles estão, por exemplo, os braços de negócios de saúde da Fujifilm, Toshiba, Terumo e Paramount Bed que fornecem equipamentos médicos, filmes para exames de imagem e camas hospitalares, e oferecem maiores prazos de pagamento, muitas vezes sem incidência de juros. “Nos últimos anos, nossas atenções estavam voltadas para dentro, na reorganização do hospital, recuperar a credibilidade para procurar parceiros”, diz Renato Ishikawa, que assumiu a presidência do Santa Cruz em 2012.
De lá para cá, o hospital saiu do prejuízo e a dívida de R$ 40 milhões caiu pela metade. Em 2015, a receita líquida não cresceu, ficou em R$ 148 milhões, porém, o superávit mais do que triplicou e o lucro operacional aumentou 52% quando comparado a 2014. Com as finanças organizadas, as sobras foram reinvestidas na infraestrutura do hospital, que ganhou geradores, reservatórios de água, equipamentos médicos e nova plataforma tecnológica.
Outra ajuda vem da Toyota que alocou alguns de seus profissionais na gestão da logística de atendimento médico do hospital. A montadora tem uma metodologia de produtividade propagada no mundo todo e que vem sendo replicada no setor hospitalar para reduzir as filas no pronto-socorro.
Ao contrário de hospitais como Albert Einstein e Sírio Libanês que recebem doações generosas das suas respectivas comunidades, no Santa Cruz essa cultura se perdeu, principalmente, porque entre 1942 e 1989 o hospital ficou sob a gestão do governo federal. A intervenção no Santa Cruz foi feita pelo então presidente Getúlio Vargas que rompeu relações diplomáticas com Japão, Alemanha e Itália – países que compunham o bloco do Eixo na 2ª Guerra Mundial. “Neste ano, a APC [programa do governo japonês] doou US$ 400 mil ao hospital. Queremos aumentar essa cultura de doação na comunidade”, disse Ishiwaka, que costuma passar o chapéu nos jantares da comunidade nipônica.
O Hospital Santa Cruz também firmou parceria com o governo do Japão que prevê, entre outras ações, a criação de centro de pesquisas para receber estudantes e médicos das universidades de medicina do Japão. O Santa Cruz atende gratuitamente imigrantes japoneses vítimas da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki
Fonte: Valor Econômico