Nobel de Medicina premiou avanço no combate a doenças parasitárias
Publicado em 07/01/2016 • Notícias • Português
Três cientistas de Japão, China e Irlanda, cujas descobertas levaram ao desenvolvimento de poderosos medicamentos novos contra doenças parasitárias como malária e elefantíase, ganharam ontem o prêmio Nobel de Medicina.
O irlandês William Campbell e o japonês Satoshi Omura ganharam metade do prêmio por descobrirem a avermectina, da qual um derivado vem sendo usado para tratar centenas de milhões de pessoas que contraíram oncocercose (também conhecida como “cegueira dos rios”) e filariose, popularmente denominada elefantíase.
A chinesa Youyou Tu recebeu a outra metade do prêmio por descobrir a artemisinina, medicamento que reduziu as mortes por malária e se tornou a viga mestra do combate à doença transmitida por mosquito.
Cerca de 3,4 bilhões de pessoas, a maioria de países pobres, correm o risco de contrair essas doenças parasitárias.
Atualmente, o remédio ivermectina, um derivado da avermectina fabricado pela Merck, é usado mundialmente no combate a parasitas nematódeos, enquanto medicamentos à base de artemisinina, de laboratórios como Sanofi e Novartis, são as principais armas contra a malária.
Omura e Campbell fizeram sua descoberta revolucionária no combate aos vermes parasitários intestinais, ou helmintos, após estudar compostos de bactérias do solo. Isso levou à descoberta da avermectina, que foi então adicionalmente modificada em ivermectina. O tratamento é tão bem-sucedido que a “cegueira de rio” e a filariose estão atualmente às vésperas de serem erradicadas.
Youyou recorreu a um tradicional remédio fitoterápico chinês em sua busca por um tratamento melhor para a malária, após a queda do sucesso das drogas mais antigas cloroquina e quinina. Isso levou ao isolamento da artemisinina, uma nova categoria de medicamento antimalária.
“Temos agora drogas que (…) não apenas matam esses parasitas como impedem que a contaminação se dissemine”, disse Juleen Zierath, presidente da Comissão do Nobel. Apesar dos rápidos avanços no controle da malária nos últimos dez anos, a doença ainda mata cerca de meio milhão de pessoas ao ano. A ampla maioria delas são bebês e crianças das regiões mais pobres da África.
O prêmio de medicina, de 8 milhões de coroas suecas (US$ 960 mil), é o primeiro dos prêmios Nobel a serem entregues a cada ano. Os prêmios foram entregues pela primeira vez em 1901, em cumprimento ao testamento do inventor da dinamite, Alfred Nobel.
Fonte: Valor Econômico