Novos caminhos para a saúde pública
Publicado em 29/04/2016 • Notícias • Português
Não é de agora que a saúde está na pauta do dia. Questões como envelhecimento da população, judicialização, pagamento por procedimento e aumento de custos não deixam dúvida de que é preciso mudar o funcionamento do sistema de saúde do país, em especial o público.
Na cidade do Rio de Janeiro, uma experiência em curso há um ano e meio aponta caminhos para, no curto prazo, fazer mais e melhor na saúde pública. Sem aumento de verba, a UPA de Senador Camará, na Zona Oeste, saltou de 7,3 mil para mais de 15 mil pacientes acolhidos por mês. Uma expansão de mais de 100%.
E mais do que isso: os serviços oferecidos melhoraram, com o apoio de protocolos assistenciais e procedimentos operacionais padrão para que a qualidade e a produtividade não dependam apenas da habilidade de cada profissional. Resultado: as reclamações à ouvidoria caíram de 30 para quatro a cada dez mil pacientes acolhidos.
Por trás dessa experiência está a Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro-RioSaúde, cujo capital é 100% da prefeitura do Rio, criada para ser mais uma alternativa para prover serviços, além da administração direta e das organizações sociais. Seu modelo de gestão combina práticas do setor privado, não apenas da saúde, com a transparência requerida pela administração pública.
Para atender melhor à demanda crescente de serviços de saúde, acreditamos que o aumento de produtividade é fundamental, sem deixar de lado a segurança de pacientes e profissionais. Certamente, isso não resolve todos os desafios da saúde, mas traz benefícios percebidos num curto espaço de tempo.
Em menos de dois anos, a RioSaúde saiu de zero para quase 60 mil pacientes acolhidos por mês em quatro unidades de emergência. São hoje 850 colaboradores focados em prestar um serviço cada vez melhor à população carioca.
Adotamos um modelo de gestão simples, composto por três pilares: processos padronizados e enxutos; acompanhamento constante da satisfação de pacientes, acompanhantes e colaboradores; e gestão de custos. Procuramos eliminar tudo o que não adiciona valor ao serviço prestado.
Colocar isso em prática requer também uma transformação cultural. Dia após dia, incentivamos nossas equipes a assumir uma “atitude de dono”, melhorar sempre e ter disciplina operacional. Grupos de profissionais de diferentes áreas reúnem-se em busca de soluções para otimizar a operação. Muitas vezes são detalhes que, somados, resultam em melhorias importantes.
Na UPA de Rocha Miranda, gerenciada pela RioSaúde desde maio de 2015, apesar de a demanda ter crescido 30%, o número de pacientes atendidos nos tempos exigidos pela Secretaria municipal de Saúde aumentou 50%. O tempo médio para classificar o risco do paciente caiu de oito para dois minutos, e a qualidade dessa triagem melhorou.
Os números auditados indicam que estamos no caminho certo, mas ainda temos usuários que não estão satisfeitos. Sabemos que temos muito a melhorar. Apesar de sermos ainda uma empresa pequena, se comparada ao tamanho da rede de saúde do município, os resultados iniciais obtidos pela RioSaúde demonstram na prática que existe um caminho para fazer mais e melhor com os recursos disponíveis.
Fonte: O Globo