O vírus do desabastecimento
Publicado em 29/02/2016 • Notícias • Português
Vistoria da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores realizada esta semana na Coordenação de Farmácia do Município de Niterói revela a extensão do desabastecimento de remédios na rede pública. No local, que funciona como depósito central da Fundação Municipal de Saúde, as prateleiras estão quase vazias. Nelas deveriam estar armazenados os medicamentos destinados a hospitais, policlínicas e postos de saúde. A prefeitura afirma que a escassez é resultado do aumento de 40% no número de atendimentos. Outro problema é a falta de vacinas, que a prefeitura alega ser nacional. O Ministério da Saúde garante ter repassado à Secretaria estadual de Saúde a remessa referente a fevereiro. E a secretaria afirma que a prefeitura recebeu as vacinas nos dias 22 e 23 deste mês. As reclamações sobre falta de medicamentos e insumos na rede municipal de Niterói são frequentes. Uma vistoria da Comissão de Saúde da Câmara, realizada anteontem, conseguiu revelar a extensão do problema: na Coordenação de Farmácia do Município de Niterói (Cofar), depósito central da Fundação Municipal de Saúde (FMS), as prateleiras que deveriam armazenar os medicamentos destinados a hospitais, policlínicas e postos de saúde estão praticamente vazias.
Nas imagens feitas durante a vistoria, comandada pelo vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL), presidente da comissão, é possível ver que as prateleiras, ordenadas de Aa Z para organizar o estoque de remédios, contam com poucas unidades de cada medicamento. Na visita também foi encontrada uma sala completamente tomada por uma pilha de medicamentos com validade vencida. Segundo ele, funcionários afirmam que não há descarte regular dos insumos impróprios para uso.
— Nós não conseguimos entrar na sala, mas os medicamentos que estavam ao meu alcance tinham vencido entre novembro e dezembro de 2015. A farmacêutica responsável nos informou que eles não tinham processo de descarte há cerca de dez anos. Isso me leva a depreender que é provável haver insumos de sete ou oito anos atrás, o que contraria a legislação ambiental — afirma o parlamentar.
A prefeitura afirma que a escassez de insumos se deve ao “aumento de cerca de 40% no número de atendimentos na rede”, situação que enfrenta desde o final do ano passado, devido ao aumento do número de pacientes vindos de cidades vizinhas. Ainda segundo a prefeitura, o processo para a compra de medicamentos está em andamento. Quanto aos medicamentos vencidos, a prefeitura afirma que o total representa menos de 1% dos remédios distribuídos em 2015. Uma empresa será contratada para fazer o descarte adequado.
Outro problema enfrentado pelos usuários da rede municipal de Saúde é a falta de vacinas. Na Policlínica Dr. Carlos Antônio Silva, em São Lourenço, funcionários confirmam o desabastecimento.
— Há pelo menos quatro meses não chega nenhuma vacina aqui. Só temos a de febre amarela. A situação está assim na rede toda — afirma uma funcionária.
A prefeitura alega que o desabastecimento de vacinas é um problema nacional. O Ministério da Saúde, responsável pela distribuição, diz que repassou para a Secretaria estadual de Saúde a remessa referente a fevereiro. A secretaria, por sua vez, garante que a prefeitura recebeu as vacinas nos dias 22 e 23 de fevereiro.
Fonte: O Globo