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Panorama Estratégico ABIMED 2025: o que moldará a saúde em 2026

Publicado em 27/11/2025 • Notícias • Português

 No Panorama Estratégico ABIMED 2025, especialistas analisaram o cenário econômico, político e regulatório que moldará o próximo ciclo da saúde no Brasil. Entenda os pontos que mais impactam a indústria de dispositivos médicos.

O Panorama Estratégico ABIMED 2025 reuniu especialistas para analisar os elementos que mais devem impactar o ambiente de negócios em 2026. As discussões mostraram que o próximo ano combina três movimentos simultâneos: maior tensão política, um cenário econômico que oscila entre pressão interna e alívio externo, e uma agenda pública que pretende remodelar a política industrial da saúde. A seguir, os pontos essenciais.

  1. Cenário político brasileiro

As análises conduzidas por Fábio Zambeli, diretor de Public Affairs do Grupo InPress Porter Novelli, indicaram que o debate político mostrou que 2026 tende a ser um ano marcado por instabilidade e pouca previsibilidade institucional. O Congresso segue altamente fragmentado, com baixa coordenação entre partidos e dificuldade para avançar em reformas estruturantes. Além disso, um ano eleitoral naturalmente reforça disputas internas e reduz o espaço para agendas de médio prazo.

Para o setor da saúde, isso significa menor clareza sobre avanços regulatórios, disputas orçamentárias mais intensas e maior risco de mudanças bruscas nas prioridades do Executivo e do Legislativo. A orientação dos analistas foi clara: acompanhar de perto a movimentação política será essencial para antecipar riscos e ajustar decisões estratégicas.

  1. Cenário econômico

O segundo eixo, apresentado por Rodolfo Margato, Vice-Presidente de Pesquisa Econômica da XP, e Vivian Sesto, Head de Ações Comerciais da XP, tratou da dinâmica econômica global e dos efeitos diretos sobre o Brasil. Apesar do ambiente internacional seguir tenso, com conflitos geopolíticos e incertezas comerciais, fatores recentes contribuíram para aliviar parte da pressão sobre os mercados emergentes. A desvalorização global do dólar, que caiu cerca de 13% no ano, e o início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos criaram um ambiente mais favorável para moedas de países emergentes, incluindo o real.

Mesmo com esses ventos positivos, os fundamentos domésticos continuam desafiadores. O Brasil opera com juros reais entre os mais altos do mundo, crescimento moderado, pressões salariais e uma trajetória de dívida pública que exige atenção. A projeção de Selic para 2027, mesmo em um cenário otimista, ainda gira em torno de 9 a 9,5%, o que reforça o custo elevado do capital.

O setor de dispositivos médicos, altamente exposto a importações e contratos dolarizados, precisa tratar volatilidade cambial, risco de crédito e gestão de caixa como prioridades estratégicas. A adoção de políticas de hedge, o uso mais profissionalizado do mercado de capitais e a definição de políticas formais de investimento para recursos de caixa foram apontadas como medidas essenciais para 2026.

  1. Perspectivas públicas para 2026

O terceiro eixo, apresentado por Eduardo Jorge Valadares Secretário-adjunto de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS/MS), apontou os movimentos do Ministério da Saúde para o próximo ano, com foco no fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. O governo trabalha em uma política industrial específica para dispositivos médicos, com diretrizes que incluem revisão dos instrumentos de incentivo, modernização de modelos contratuais e maior uso estratégico do poder de compra.

A pasta reconhece o desafio de reduzir o gap tecnológico do país, que ainda está de sete a oito anos atrás dos mercados mais avançados. Para avançar, serão realizadas audiências públicas ainda no primeiro semestre de 2026, com expectativa de participação ativa das empresas desde o início da formulação das políticas. O Ministério reforçou que não há distinção entre empresas de capital nacional ou estrangeiro; o foco é produção local, previsibilidade e geração de valor para o SUS.

O governo também destacou a necessidade de construir mecanismos mais estáveis para incorporação tecnológica, considerando limitações orçamentárias, pressões de demanda e a busca por maior eficiência nas compras públicas. O objetivo é evitar ciclos de avanços e retrocessos e estruturar uma política de longo prazo compatível com o tamanho e a complexidade do sistema de saúde brasileiro.

Os três eixos do Panorama apontam para um 2026 que exigirá decisões baseadas em análise, evidências e diálogos. Será necessário acompanhar a dinâmica política, proteger o negócio em meio às incertezas econômicas e participar ativamente da construção das políticas públicas que vão orientar o setor nos próximos anos.

A ABIMED continuará atuando para fortalecer esse ambiente, promovendo interlocução técnica com o governo, apoiando suas associadas e contribuindo para um sistema de saúde mais inovador, estável e sustentável.

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