Professor é investigado por uso de equipamento da USP em consultas

Publicado em 11/04/2016 • Notícias • Português
A imagem de Ronaldo Nazário, de sunga e touca, tentando perder uns quilinhos adquiridos após sua aposentadoria dos gramados virou evidência em um inquérito civil que o Ministério Público de São Paulo instaurou para investigar um professor com mais de duas décadas de USP.
As cenas, televisionadas pelo“Fantástico” em 2012,faziam parte do quadro “Medida Certa”, em que o ex-jogador era auxiliado por uma equipe na busca por um corpo mais saudável.
Um dos profissionais que apareceu no primeiro episódio foi o nutricionista Antonio Lancha Jr., que usou em seu consultório uma máquina chamada Bod Pod para medir, com rajadas de vento, o nível de gordura de Ronaldo.
pesquisa O equipamento de ponta custa US$ 50 mil (cerca de R$ 180 mil) e fora comprado para uma pesquisa científica da USP sobre mulheres e lipoaspiração financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP).
Segundo o contrato de bolsa científica, que era orientada por Lancha Jr., a máquina podia ficar no Instituto Vita, em Higienópolis. É onde o nutricionista atende pacientes particulares, mas só poderia ser usada gratuitamente em mulheres de 20 a 35 anos que tivessem sobrepeso —o grupo analisado.
O nutricionista nega que tenha usado equipamentos públicos em suas consultas.
Um dos profissionais mais conhecidos do mercado de nutrição e suplementação no país, Lancha Jr. escreveu cinco livros, dá entrevistas na TV e tem clientes famosos.
Uma consulta com ele custa R$ 850. É também professor titular da Escola de Educação Física e Esporte da USP.
outro lado Em um primeiro contato da reportagem,Lancha Jr. negou ter usado equipamentos financiados com recursos públicos em consultas particulares.
“Havia um acordo com a Fapesp e o Instituto Vita, de conduzir lá as pesquisas.” O Instituto Vita, onde foram feitos os testes em Ronaldo e em dezenas de outros clientes, segundo inquérito ao qual a Folha teve acesso, afirma que “está tomando conhecimento de uma série de informações e está colaborando com o Ministério Público no inquérito civil”.
A USP também afirma colaborar com a investigação.
A TV Globo informou que não pagou pela consultoria do nutricionista e que desconhecia a natureza pública do equipamento.
Procurada, a Fapesp afirma que o bem “foi devidamente doado à USP quando do encerramento do projeto de pesquisa, conforme determinam as normas”.
A máquina foi devolvida à universidade,mas apenas em 2016, segundo o inquérito.
Quatro anos após o fim da pesquisa —e de ter ficado famosa na televisão.
Questionado posteriormente pela reportagem, que questionou onde esteve o Bod Pode para que ele foi usado nesse período de quatro anos, Lancha Jr. não respondeu a e-mails e ligações.
Fonte: Folha de S.Paulo