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Reajuste de remédios leva inflação a 0,61% em abril

Publicado em 11/05/2016 • Notícias • Português

O reajuste médio de 12,5% dos medicamentos, autorizado pelo governo no mês passado, freou a queda da carestia. Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,61%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ante 0,43% em março. Em 12 meses, o custo de vida médio das famílias teve alta de 9,28%, sendo que o grupo de saúde e cuidados pessoais avançou 11,3%. Foi a maior variação dessa classe de despesas desde novembro de 2003.

A inflação em abril também foi pressionada pelos preços dos itens de alimentação e bebidas, que registraram alta média de 1,09%. Apesar de o resultado ter sido 0,15 ponto percentual inferior ao de março, foi o que mais gerou impacto no custo de vida. Somadas, as duas classes de produtos foram responsáveis por 89% do índice.

Para a gerente do IPCA, Irene Machado, o clima exerceu papel determinante na carestia. “Tivemos um outono muito quente e, depois, muita chuva, principalmente na Região Sul. Isso elevou os custos dos agricultores com a produção”, sustentou. Entre os alimentos, a batata-inglesa foi um dos itens de consumo básico que mais subiu, com alta de 13,13%. No grupo de saúde, Irene prevê que o reajuste dos medicamentos ainda pode se refletir na inflação de maio. “Pode ser que apresente um aumento residual não captado em abril”, ressaltou.

O gasto do servidor público João Magalhães, 69 anos, que era, em média, de R$ 70 por mês, saltou para R$ 90, uma alta de 28,6%. “Estou sempre tentando negociar algum desconto. Preciso economizar, até porque tudo está muito inflacionado. E, para mim, os preços só tendem a galopar mais”, lamentou. A percepção em relação à alta dos preços é a mesma do servidor Nivaldo Chaves, 41. Para aliviar o orçamento, ele tem comparado preços e feito as compras em dias de promoção. “Está tudo muito caro. Também estou trocando produtos e abrindo mão de outros”, contou.

A inflação em abril veio acima do 0,53% projetado pelo mercado financeiro. Em maio, o indicador não deve mostrar enfraquecimento, segundo o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, que espera um IPCA de 0,65%. “É reflexo da mudança de metodologia de apuração dos gastos com empregados domésticos, da elevação do preço de cigarros e da alimentação no domicílio mais pressionada”, avaliou.

Com o resultado de abril, o IPCA acumulado em 12 meses totalizou 9,28%, ficando pouco abaixo do registrado no período equivalente terminado em março, de 9,39%. A desaceleração, de 0,11 ponto percentual, foi inferior à média dos últimos dois meses, de 0,66. Diante disso, analistas acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vai postergar o corte na taxa básica de juros (Selic), que poderia ocorrer na próxima reunião, em junho.

Juros

“Tudo indica que a taxa vai se manter nos 14,25% ao ano. O colegiado é bastante conservador em termos de alteração. Mas ninguém duvida de que a inflação assumiu trajetória de queda”, avaliou o economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. Na avaliação dele, o custo de vida está caindo como reflexo do fraco nível de atividade.

O principal sinal de arrefecimento do IPCA é a perda de força da inflação de serviços que, em abril, cresceu 7,4% em 12 meses. É a menor taxa desde novembro de 2010. A diferença é que, naquele ano, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 7,5%. Já em 2016, a previsão é de retração de 3,9% na economia. Mantido o cenário, mais pessoas perderão o emprego, o que reduz o poder de compra das famílias, que pressionarão menos o mercado de bens e serviços.

Fonte: Correio Braziliense

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