Remédios e alimentos pressionam inflação

Publicado em 25/04/2016 • Notícias • Português
A inflação voltou a assustar os brasileiros. Em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo — 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,51%, ficando acima das estimativas do mercado. Em março, o indicador havia sido de 0,43%. A aceleração da carestia se deveu aos medicamentos e aos alimentos, sobretudo as frutas, com reajuste médio de 8,52%. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 está em 9,34% e, no ano, em 3,32%, quase o centro da meta definido em lei para todo 2016, de 4,5%. “O custo de vida só não está mais forte por causa da grave recessão”, disse Márcio Milan, analista da Tendências Consultoria.
Para muitos brasileiros, com o custo de vida no atual patamar, o jeito está sendo reduzir o consumo e deixar de levar alguns itens para casa. A militar Iving Braga, 25 anos, está cortando tudo o que pode da lista de compras. “Carne, por exemplo, saiu do meu cardápio. Agora, só frango. Também deixei de lado frutas e verduras, que estão muito caras”, disse. Para manter o orçamento doméstico sob controle, ela garimpa preços em vários mercados durante a semana, mas sempre leva pouca coisa para casa. “Pego um cestinha, para acabar não ficando com um carrinho cheio”, ressaltou.
Pelos cálculos de Newton Marques, professor da Universidade de Brasília (UnB), os grupos alimentação e bebidas, transportes e saúde e cuidados pessoais responderam por 71% do IPCA-15. “Qualquer alteração nesses grupos de preços movimenta bastante os índices”, frisou. Ele acredita, porém, que a forte retração da atividade e o aumento de desemprego tendem a conter os aumentos de preços. Nas, porém, que alivie o bolso dos consumidores. O Itaú Unibanco projeta que a inflação fechada de abril ficará em 0,52%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os medicamentos ainda vão dar muita dor de cabeça aos consumidores. O aumento total de 12,5% autorizado pelo governo ainda não chegou com tudo às farmácias. Tanto que a média do reajuste captado pelo órgão ficou em 2,64%. Diante desse quadro, o engenheiro Marcos Rinco, 54, está refazendo o orçamento para absorver a carestia. Ele gastava, em média, R$ 150 com os medicamentos para controlar o colesterol e a pressão alta, agora, desembolsa R$ 200. “Como terei de incorporar outros remédios ao meu tratamento, minha fatura subirá para pelo menos R$ 340”, assinalou. “Está ficando cada vez mais difícil.”
Em Brasília, a prévia da inflação de abril ficou em 0,30%. No ano, está em 2,2% e, em 12 meses, em 8,29%. Neste mês, o grande vilão do mês foi o vestuário, que subiu 1,10%. Assim como no Brasil, a alimentação também pesou no orçamento dos brasilienses, com aumento médio de 1,08%.
Fonte: Correio Braziliense