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Robótica contribui para a redução das desigualdades e melhoria no atendimento oncológico

Publicado em 08/11/2024 • Notícias • Português

Robótica contribui para a redução das desigualdades e melhoraria no atendimento oncológico

No debate “Robótica Aplicada à Saúde”, realizado pela ABIMED em seu painel, no dia 6 de novembro, na FISWeek, na cidade do Rio de Janeiro, especialistas discutiram os avanços, desafios e benefícios da incorporação da cirurgia robótica no Brasil. Com a moderação de Anderson Fernandes, Gerente de Acesso ao Mercado na Strattner e membro do GT-ATS da Associação, e a apresentação de Silvio Garcia, Gerente de Relações Institucionais e Governamentais de São Paulo da entidade, a mesa reuniu Rodrigo Nascimento Pinheiro, Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), e o urologista Felipe Lott, Preceptor de fellowship em Uro-oncologia e Cirurgia Robótica no Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Fernandes abriu o debate destacando o tamanho do mercado de dispositivos médicos no Brasil, que representa 0,6% do total de investimentos na área, movimentando cerca de R$ 55 bilhões.

“Os investimentos em saúde representam aproximadamente 10% do nosso PIB, que soma quase R$ 1 trilhão. No entanto, 4% desse valor é destinado ao SUS. Gasto médio per capita é ~R$2 mil. Fazendo um paralelo, nos EUA, o gasto aproximado é de 18% do PIB americano o que equivale a mais de R$20 trilhões e gasto médio per capita de ~R$70 mil, ainda assim saúde lá não existe saúde universal… Então sabemos que o cobertor é curto, a inovação em saúde é de extrema relevância, e Não é a Inovação pela Inovação ou tecnologia pela tecnologia, mas avançar no desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação em saúde, com tecnologias que trazem benefícios reais para a população brasileira”, afirmou.

Também chamou atenção para a realidade da robótica no país.

“Hoje, temos 135 robôs instalados no Brasil, sendo 30 em estabelecimentos que atendem pacientes do SUS. É um grande avanço, especialmente por esses 135 robôs estarem distribuídos nas 5 regiões do país”, enfatizou Fernandes.
Rodrigo Nascimento Pinheiro apresentou um panorama detalhado sobre a importância da cirurgia robótica para o tratamento oncológico, destacando os dados alarmantes de novos casos e mortalidade por câncer.

“Houve cerca de 20 milhões de novos casos de câncer, em 2022, com 9,7 milhões de mortes. Estima-se que uma em cada cinco pessoas desenvolverá algum tipo de câncer ao longo da vida. No Brasil, a localização geográfica influencia diretamente nas chances de sobrevivência. Infelizmente, o CEP ainda é determinante para a mortalidade no país, principalmente devido aos vazios assistenciais que limitam o acesso a tratamentos avançados”, destacou, lembrando a contribuição da cirurgia robótica para esse cenário.

“Cirurgias robóticas são menos invasivas, reduzem a dor e o tempo de permanência hospitalar, o que permite que as filas de espera andem mais rapidamente. Isso é fundamental para salvar vidas e diminuir o custo global do tratamento, oferecendo uma melhor qualidade de vida ao paciente. Além disso, os sistemas robóticos, assim como outras tecnologias disruptivas atraem profissionais de saúde. Estamos trabalhando para que a cirurgia minimamente invasiva seja realidade no SUS”, explicou Pinheiro.

Já o urologista Felipe Lott destacou o impacto da robótica na sua e em outras especialidades.

Lott explicou que, com a cirurgia robótica, é possível realizar procedimentos minimamente invasivos que preservam a função dos órgãos, como no tratamento de tumores de próstata e na remoção de tumores renais, sem causar grandes sangramentos. Ele destacou que, além de melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, essa técnica também acelera a recuperação, reduzindo o tempo de internação. Enquanto as cirurgias abertas anteriormente exigiam mais de 10 dias de recuperação, com o uso da robótica, os pacientes podem receber alta em apenas alguns dias, tornando o processo muito mais rápido e seguro.Desafios e benefícios da robótica

Apesar dos benefícios, Rodrigo Nascimento e Felipe Lott reconheceram que o custo da robótica ainda é o principal ponto de debate sobre este tipo de cirurgia…

Contudo, Lott destacou que o custo da cirurgia representa apenas “a ponta do iceberg”. Isso porque, ao optar por tratamentos menos invasivos, o custo total do tratamento diminui, devido à redução do tempo de internação, bem como do risco de complicações e infecções. Além disso, ao reduzir as chances de recidiva, o paciente diminui a probabilidade de necessitar de radioterapia, que pode custar cerca de R$ 40 mil. Assim, o investimento em tecnologia robótica, embora tenha custos iniciais elevados, acaba sendo mais econômico e vantajoso a médio e longo prazo.

Pinheiro complementou que apesar do valor agregado a tecnologia proporciona precisão milimétrica que possibilita ao cirurgião um controle muito superior ao das técnicas convencionais.

“É uma tecnologia que democratiza o acesso ao tratamento de qualidade e aumenta as chances de cura para qualquer pessoa, independentemente de onde mora. A questão é como distribuir esse investimento de forma responsável, priorizando a melhoria na saúde”,avaliou.

Para que a cirurgia robótica seja amplamente adotada, é necessário formar profissionais especializados. Felipe Lott disse que esses profissionais passam por um treinamento rigoroso, que inclui prática em simuladores, antes de operar com o apoio de um preceptor.

“Esse modelo garante a qualidade do procedimento e a segurança do paciente”, garantiu.

Opinião reiterada por Pinheiro, para quem o processo de treinamento dos cirurgiões na cirurgia robótica se assemelha ao preparo de pilotos na aviação.

“Trata-se de um treinamento altamente controlado, que demanda dedicação e prática para alcançar a precisão exigida pela tecnologia. No Brasil, ainda há disparidades regionais: pacientes do Sudeste têm mais chances de receber cuidados adequados em comparação aos pacientes das regiões Norte e Nordeste. Reduzir essas discrepâncias é uma questão de escolha social e investimento”, ressaltou.

Silvio Garcia finalizou o debate ao comentar sobre os métodos de avaliação necessários para a incorporação de novas tecnologias no setor público.

“Precisamos de uma análise aprofundada de custo-efetividade e uma avaliação criteriosa de múltiplos aspectos. Esse tipo de planejamento avançado no setor público pode facilitar a adoção de tecnologias inovadoras que salvam vidas e melhoram a eficiência do sistema de saúde”, afirmou, destacando que a incorporação da cirurgia robótica no SUS é um caminho possível, mas que exige investimentos estratégicos, comprometimento com a formação de profissionais e uma visão voltada para o futuro para democratizar o acesso, especialmente à saúde de qualidade.

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