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Saúde busca modelos de prevenção mais efetivos

Publicado em 11/11/2016 • Notícias • Português

A busca por eficiência que norteia todos os setores da economia chega agora ao sistema de saúde. “O momento é de mudança, a forma como trabalhamos não é sustentável”, alerta Carlos Goulart, presidente da Associação Brasileira na Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed). “As pressões de aumento de custo causadas pelas tendências sociais e demográficas (envelhecimento da população, progressivo aumento das doenças crônicas e degenerativas) levam os sistemas de saúde de todo o mundo a buscar formas de trabalhar menos com modelos hospitalares convencionais de cura de doenças e mais em novos modelos de prevenção e reforço da conscientização das pessoas sobre hábitos de vida saudável.”

O presidente da Abimed cita a evolução de aplicativos móveis, que facilitam a comunicação entre médicos e pacientes e monitoram ritmo cardíaco, pressão arterial e atividade física, como formas de gerenciar a saúde e facilitar o cuidado em qualquer lugar e a qualquer hora. Diabéticos ou pessoas com doenças que demandam um controle mais rigoroso das condições físicas passam a contar com as possibilidades do monitoramento em tempo real pelos wearables (vestíveis). Esses dados podem ser transmitidos ao médico antes mesmo de uma consulta.

Segundo dados do setor, o investimento mundial em prevenção, diagnóstico e monitoramento da saúde passará de 30% do total dos gastos em 2014 para quase 45% em 2020. A pesquisa Future Health Index, realizada pela Philips em trezes países, entre os quais o Brasil, mostra que a tendência hoje é adotar tecnologias conectadas (big data) e análise de informações para melhorar o atendimento dos pacientes e a eficiência e qualidade do sistema. Nesse sentido, as empresas investem no desenvolvimento de equipamentos que funcionam em rede, para produzir mais com menos erros, e a criação de áreas de consultoria de gestão para auxiliar as instituições de saúde a aumentar a eficiência e reduzir perdas.

Um exemplo é a parceria público privada entre o governo da Bahia e a Rede Brasileira de Diagnóstico, composta pela Philips, a Alliar e a FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem) para otimizar o diagnóstico de imagens em hospitais da rede pública do estado. “Os aparelhos de ressonância magnética, tomógrafos, mamógrafos e de raios X estarão conectados com uma central, permitindo que os pacientes tenham acesso aos laudos dos exames em até duas horas”, diz Renato Garcia, diretor-geral de saúde da Philips no Brasil. “Nosso objetivo é oferecer um atendimento mais rápido e preciso, melhorando a qualidade dos resultados e interligando o sistema.”

O Hospital Albert Einstein investe na telemedicina ou o acompanhamento do médico e do paciente a distância em tempo real. “São 26 hospitais públicos e duas plataformas de petróleo conectadas à nossa central com recursos de áudio e vídeo para emergência e terapia intensiva”, explica Milton Steinman, coordenador do serviço de telemedicina do Einstein.

“Nossos médicos passam visita diariamente sem sair do hospital, ninguém precisa se deslocar para consulta”, afirma. O programa se estende aos pacientes atendidos pelos agentes de saúde da família. O projeto-piloto, iniciado em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, prevê que o visitador colha os dados em um notebook e transmita para a central, reduzindo o tempo de espera para passar por especialistas.

A tendência das indústrias, como a GE, é trabalhar mais próximo de seus clientes para entender quais as suas necessidades e desenvolver soluções customizadas. “Nosso sistema de saúde é muito fragmentado, centrado em hospitais e clínicas e não no paciente”, afirma Daurio Speranzini, presidente da GE Healthcare para a América Latina. “A situação está começando a mudar com as novas ferramentas digitais”, diz.

Em parceria com o hospital Johns Hopkins, dos EUA, a GE criou nova central de comando na qual aplicativos recebem informações relevantes para a gestão de hospitais, detectam riscos e priorizam ações para corrigir e melhorar o fluxo de trabalho. O objetivo é redesenhar os sistemas de prestação de cuidado e administrar o percurso dos pacientes em tempo real, evitando o desperdício.

Sistema semelhante está sendo desenvolvido pela Siemens. Projeto de uma sala de comando (virtual operation center) com os Laboratórios Fleury permite que especialistas em ressonância magnética visualizem as imagens e executem os exames de qualquer lugar por meio de conexão remota, enquanto o auxiliar local realiza os procedimentos presenciais. “A pressão maior dos custos em saúde está no tratamento, portanto, é ali que se faz necessário uma mudança”, afirma Fernando Narvaez, diretor da Siemens Healthineers no Brasil. “A tendência é que diagnóstico e prevenção ganhem mais espaço, reduzindo o impacto com o tratamento e internações”, diz.

Fonte: Valor Econômico

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