Saúde escapa de parcelamento
Publicado em 11/04/2016 • Notícias • Português
Enquanto segue indefinido como será feito o parcelamento dos salários dos servidores estaduais, mais uma categoria foi incluída na lista das que receberão vencimento integral no próximo dia 14: a dos funcionários da saúde. Eles se juntam, assim, aos auditores fiscais, bombeiros e profissionais das áreas de educação e segurança (policiais civis e militares, além de trabalhadores da Secretaria de Administração Penitenciária). Segundo o Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado, os funcionários da saúde aderiram à greve geral decretada na última quarta-feira.
Na segunda-feira, segundo integrantes da administração estadual, o governador em exercício Francisco Dornelles e o secretariado vão analisar dados da arrecadação. O objetivo é avaliar se mais uma categoria poderá receber integralmente. Eles também vão decidir como será o parcelamento dos demais servidores: quando será paga a primeira parcela, em quantas vezes o vencimento será dividido e quais serão as datas dos depósitos.
O esforço do Palácio Guanabara é para pagar o salário integral ao maior número possível de trabalhadores. Em janeiro, segundo a Secretaria estadual de Planejamento, a folha de pagamento do Poder Executivo somava mais de R$ 2 bilhões. Ainda de acordo com a pasta, no mesmo mês, os vencimentos dos servidores ativos da Secretaria de Saúde somaram a R$ 35,6 milhões.
NENHUM TRABALHADOR FICA SATISFEITO
Entre os trabalhadores que vão receber integralmente, o sentimento é um misto de alívio e insatisfação, por terem que esperar até o 14º dia deste mês para ver o dinheiro entrando em suas contas. Wagner Luís Fonseca, presidente da Associação de Policiais Militares do Estado do Rio (Amperj), ressalta que a categoria continua reivindicando a volta do calendário de pagamento de 2015 (em que os salários eram depositados até o segundo dia útil do mês).
— Nenhum trabalhador fica satisfeito sabendo que o salário dele é parcelado. Não importa se é militar ou civil — critica.
Para economistas ouvidos pelo GLOBO, o parcelamento dos vencimentos e pensões terá impacto negativo sobre a economia fluminense e sobre os serviços prestados pelo estado. Segundo Bruno Sobral, professor de economia da Uerj, o pagamento não é uma simples despesa com pessoal, pois pode implicar uma queda da arrecadação.
— Há uma visão restrita, de que o pagamento de servidores é só custeio, como se não houvesse um desdobramento dinâmico. É algo que pode dar um retorno, manter o estado dinamizando a economia. Quanto mais você imobiliza áreas do estado, mais aumenta a recessão. Manter a máquina pública funcionando é pré-requisito para a recuperação econômica — diz o economista.
Já Istvan Kasznar, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV-Rio, destaca que pagar à mão de obra é, em tese, uma prioridade dos governos.
— Primeiro, cria-se um grau de desmotivação significativo junto aos servidores (com o parcelamento). E colocam-se em xeque a rede e os canais de suprimentos de serviços públicos — enumera.
Em meio à penúria, funcionários estaduais contratados pelo regime da CLT tiveram uma boa notícia anteontem: 7,9 mil trabalhadores de 18 empresas e órgãos públicos receberam seus salários. No total, foram depositados em suas contas bancárias R$ 24,3 milhões, de acordo com a Secretaria de Planejamento. Pelo calendário regulamentado em decreto, integrantes desse grupo devem receber até o quinto dia útil do mês seguinte ao trabalhado.
Fonte: O Globo