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Saúde imobiliária

Publicado em 12/01/2016 • Notícias • Português

Uma nova investigação interna conduzida pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo tem reforçado as suspeitas de que a crise que atingiu o hospital há um ano e meio não decorreu somente de incúria administrativa.

Como se sabe, em julho de 2014 o pronto-socorro da centenária instituição foi abruptamente fechado por cerca de 30 horas. Afirmou-se à época que não havia dinheiro para comprar medicamentos ou materiais como seringas e agulhas.

A fim de restaurar o funcionamento da unidade, o governo do Estado prestou auxílio financeiro, exigindo em contrapartida a realização de auditorias –e estas revelaram um hospital enfermo.

Descobriu-se, por exemplo, que a dívida da instituição (cerca de R$ 800 milhões) era quase o dobro do que a direção divulgava. Diagnosticou-se também a drenagem do patrimônio líquido (soma de bens e valores, descontadas as dívidas e desconsiderados os imóveis), que, de 2009 a 2013, caiu de R$ 220 milhões para R$ 323 mil.

Agora, sindicância aberta no mês passado apura transações imobiliárias que resultaram em prejuízo para a Santa Casa e benefício para os compradores.

Um dos casos envolve a negociação de três quitinetes na cidade litorânea de São Vicente (SP), doadas à instituição filantrópica com a exigência de que jamais fossem repassadas adiante.

A cláusula, todavia, foi desrespeitada. Embora o valor de mercado de cada uma delas girasse em torno de R$ 80 mil, cada unidade terminou vendida por R$ 3.400. O formidável desconto de mais de 95% oferecido em 2011 torna-se ainda mais insólito pelo fato de a compradora ser a então gestora da área de radiologia do hospital.

As investigações já identificaram ao menos dez imóveis comercializados nos últimos anos em condições análogas: por preços muito abaixo dos praticados no mercado e envolvendo funcionários com cargos de chefia na entidade.

A nova direção –que assumiu a Santa Casa em junho de 2015– parece empenhada em esclarecer esses episódios no mínimo suspeitos.

É bom que seja assim, levando-se à frente inclusive as ações judiciais pertinentes nos âmbitos cível e criminal, pois disso depende a recuperação da credibilidade da instituição.

Com 2.510 leitos, a Santa Casa de São Paulo realiza cerca de 3,5 milhões de atendimentos ao ano. A rápida reestruturação do maior hospital filantrópico do país é assunto que interessa a todos.

Fonte: Folha de S.Paulo

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