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Seminário na Alesp discute o papel estratégico do setor de dispositivos médicos na modernização da saúde pública

Publicado em 27/11/2025 • Notícias • Português

A Assembleia Legislativa de São Paulo sediou, no dia 24 de novembro, o seminário “O Papel da Indústria de Tecnologia para Saúde na Transformação Digital dos Municípios Paulistas”, promovido pela Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia, Inovação e sua Integração com o Mercado de Trabalho, coordenada pelo deputado Luiz Claudio Marcolino (PT/SP), em parceria com a ABIMED e apoio do Inova USP. O encontro reuniu autoridades federais e estaduais, pesquisadores, centros de inovação e representantes da indústria para discutir como tecnologias emergentes podem fortalecer o SUS e modernizar a gestão da saúde pública.

Na abertura, o deputado Luiz Claudio Marcolino destacou a necessidade urgente de modernizar a atenção básica, com uso de prontuários eletrônicos interoperáveis, telemonitoramento, Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT), que tornam o cuidado mais preventivo e integrado. “Elas permitem que a atenção básica se torne mais preventiva, menos reativa, em vez de esperar que o cidadão adoeça para procurar o posto de saúde”, afirmou. O parlamentar apresentou experiências nacionais e internacionais que demonstram redução de custos, ampliação do acesso e maior eficiência com o uso de dados em tempo real, reforçando que a transformação digital deve orientar a construção de políticas públicas para o futuro do SUS.

A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, ressaltou que a inovação em saúde depende de ecossistemas integrados entre setor público, indústria e universidades. “O setor público inova, faz pesquisa, mas quando trabalha em conjunto, completa essa cadeia produtiva de uma maneira mais consistente e sustentável”, defendeu Haddad. Ela apresentou avanços estruturantes da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que já reúne mais de 3,1 bilhões de registros, além da expansão da telessaúde para 44% dos municípios brasileiros e o projeto do Hospital Inteligente da USP, que inclui a criação de uma rede de UTIs inteligentes conectadas.

Jorge Lima,  secretário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, abordou a formação de polos de inovação em saúde no Estado e destacou que a transformação digital só se consolidará com conectividade adequada e infraestrutura tecnológica. Para ele, a IA já é uma realidade irreversível e o Estado deve liderar políticas que atraiam centros de dados, tecnologia avançada e investimentos privados.

O coordenador-geral de Administração da Secretaria de Estado da Saúde, Juan Carlos Sanchez, apresentou iniciativas estaduais que visam integrar sistemas, qualificar o atendimento e ampliar a teleassistência. O governo paulista prevê investir R$ 166 milhões em quatro anos e já acumula mais de 100 mil atendimentos digitais. “A meta é dobrar esse número até 2026, com sistemas interoperáveis e compras públicas que exijam equipamentos preparados para disponibilizar dados clínicos”, reforçou Sanchez.

Já o coordenador de Ambientes de Inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, Marcelo Caldeira, detalhou como o Sistema Paulista de Ambientes de Inovação (SPAI) articula universidades, startups e empresas para acelerar a chegada de tecnologias ao mercado. Ele destacou que o Estado possui mais de 75 ambientes de inovação e reforçou a necessidade de investimentos contínuos em ciência e tecnologia para gerar impacto econômico e social.

O diretor do Inova USP, professor Marcelo Zuffo, enfatizou que o grande desafio é transformar a alta produtividade científica de São Paulo em impacto direto para pacientes, serviços de saúde e políticas públicas. “Nós somos a 17ª universidade que mais produz no mundo, mas ainda não somos a 17ª mais impactante”, ressaltou Zuffo, ao defender o papel central das universidades na cadeia de inovação.  Ele citou iniciativas como pesquisas em vacinas com células T, projetos de hidrogênio verde, semicondutores e pilotos de monitoramento digital capazes de alcançar até 50 milhões de pacientes. Também ressaltou a importância de corrigir entraves jurídicos que dificultam parcerias estratégicas e o desenvolvimento tecnológico.

Encerrando o seminário, o presidente-executivo da ABIMED, Fernando Silveira Filho, reforçou a importância estratégica do setor de dispositivos e equipamentos médicos para o país. “O Brasil é a 10ª maior economia do mundo e São Paulo concentra cerca de 70% do mercado nacional”, lembrou Fernando. Ele ainda destacou a necessidade de políticas de Estado estáveis, capazes de atrair tecnologia de ponta e dar previsibilidade para investimentos. Silveira ressaltou, também, que a ABIMED tem atuado para aproximar indústria, governo e centros de inovação tecnológicas. Para ele, o setor já percebeu que a inovação depende de ecossistemas colaborativos, capazes de aproximar indústria, academia, governo e startups. “A ampliação do ecossistema com startups e jovens empresas de healthtech vai dar uma dinâmica diferente ao mercado”, avaliou.

Ainda durante o evento, a ABIMED e o Inova USP formalizaram a assinatura do Memorando de Entendimento (MoU) para cooperação em pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e projetos conjuntos de inovação. A ABIMED também apresentou ao deputado Marcolino uma proposta de Projeto de Lei que institui o Dia Paulista da Indústria de Tecnologia para Saúde, reconhecendo a relevância de um setor composto por mais de 12 mil empresas e responsável por cerca de 270 mil empregos no país.

Ao promover articulação entre governo, indústria e centros de inovação tecnológicas, a ABIMED reafirma seu compromisso com a modernização do sistema de saúde, a incorporação de tecnologias avançadas e o fortalecimento de políticas públicas que impulsionem a inovação no estado de São Paulo e em todo o Brasil.

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