SUS descobre fraudes em cirurgias bariátricas na Santa Casa de MS
Publicado em 01/08/2016 • Notícias • Português
Uma auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS) apontou um médico da Santa Casa de Campo Grande que estaria cobrando de pacientes procedimentos cirúrgicos pagos pela rede pública. O hospital e o SUS constataram que enfermos de diferentes especialidades estavam sendo cadastrados como pacientes bariátricos. Com base no levantamento, três profissionais foram demitidos.
O Conselho Regional de Medicina (CRM-MS) não confirma se o médico está sendo investigado. Por norma, o processo só é divulgado após a conclusão.
Uma paciente do SUS iria fazer uma cirurgia na vesícula no início de 2016, mas tinha pago pelo procedimento bariátrico. O hospital abriu uma sindicância interna. Dias depois, o SUS fez uma auditoria a pedido da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
“Durante a entrevista rotineira com a paciente, naquela fase pré-anestésica imediata, foi identificado que tinha havido uma cobrança do procedimento no consultório do médico e a paciente estava internada integralmente pelo SUS, o que configura uma irregularidade”, afirmou o diretor técnico da Santa Casa, Mário Madureira.
O médico gastroenterologista é o mesmo que tinha cometido irregularidades em 2014. Além disso, os técnicos descobriram que pacientes passaram pela cirurgia de redução do estômago, já no primeiro contato com o SUS – o que é proibido.
O relatório da auditoria destaca o caso de um homem que fez o procedimento com base em um exame inicial de olhos. Outro caso que chama atenção é o de uma mulher que apresentava problema na próstata, glândula masculina, segundo o prontuário. Ela também fez a redução.
Segundo o documento do SUS, em 2014, foram realizadas na Santa Casa 110 cirurgias bariátricas, 45 sem registro de consulta no ambulatório de obesidade, regulado pelo SUS. Um desses pacientes entrou pelo pronto-socorro, o que também é irregular.
Além disso, sete pacientes tinham consultas reguladas, mas em outras especialidades, e 37 tiveram acesso irregular ao hospital por meio da consulta ambulatorial, ou seja, quando um paciente já tinha dado entrada. Segundo o diretor técnico, o paciente conseguia furar a fila de espera do SUS.
“É justamente uma consulta que não é regulada porque é um paciente que já estaria dentro do sistema. Se eu estou utilizando uma cirurgia de egresso, para um paciente que não está dentro do meu sistema. Essa consulta está sendo feita de forma irregular”, disse Madureira.
Para evitar que esse tipo de irregularidade continue acontecendo no hospital, a direção aumentou o controle das consultas de egresso. “Vou ter que observar como passar o pente fino, quando se utilizar uma consulta de egresso. Bom, mas egresso do que? É paciente oftalmológico, bom, não justifica ele entrar como egresso para cirurgia bariátrica”, explicou o diretor.
O Ministério Público Estadual (MP-MS) também abriu investigação para apurar a irregularidade. A promotora Paula Volpe pediu novas informações à Santa Casa. “Essa ação é bastante grave, ela nos preocupa porque se está havendo esse tipo de falha na cirurgia bariátrica, ela também pode estar acontecendo em outros setores e é isso que a gente quer tentar impedir”, disse.
Fonte: G1